(1) Uma das grandes qualidades do regime democrático atual é a bela arte de persistir em inverdades. Acontece que as inverdades podem ser muito repetidas pelos “comentadores”, mas continuam a ser inverdades. Vem isto a propósito dos portugueses, apesar de tudo, ainda gostarem muito do PS+PSD porque estes dois partidos representam, de novo, 80% da Assembleia da República.
(2) Basta olhar os resultados eleitorais para perceber que isso resulta da enorme abstenção (os portugueses gostam muito mais de se abster do que votar PS ou PSD), de alguma dispersão de votos em pequenos partidos e da lei eleitoral (que protege de forma absolutamente escandalosa o PS e o PSD). Simplesmente não é verdade que os eleitores gostem muito do PS+PSD; apenas uma minoria dos eleitores vota nestes dois partidos. Desceram de 4,6 M de votos (1995) para 3,4 M (2019). E em percentagem dos eleitores oficialmente inscritos, desceram de 52% (1995 - maioria) para 31% (2019 - minoria). Mesmo ajustando à população adulta em território nacional (para fugir dos números oficiais contaminados com a abstenção técnica), o PS+PSD desceram de 51% (1999 - maioria) para 39% (2019 - minoria). Conclusão - o aumento da percentagem de lugares na AR de 2015 para 2019 é uma mera consequência da lei eleitoral, já que em votos e em percentagens de população adulta estão no seu mínimo histórico. Que a 31% dos eleitores (números oficiais; 39% em termos de população adulta) correspondam 81% dos mandatos na AR é matéria para outra reflexão.
(3) Se olharmos para PS+PSD+CDS, os números do arco da governação são ainda mais transparentes. Desceram de 5,1 M de votos (58% dos eleitores inscritos em 1995) para 3,8 M (33% dos eleitores inscritos em 2019). Em termos de população adulta em território nacional, estes três partidos representam hoje apenas 41% (minoria dos adultos em território naciona) apesar de terem 83% dos mandatos na AR.
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