Foram necessários quase 20 anos para a implantação da República, depois da revolta de 31 de Janeiro de 1891 no Porto.
«No dia 31 de Janeiro de 1891, eclodiu no Porto um levantamento militar contrário à cedência do Governo e da Coroa ao Ultimatum de 1890 imposto pela Inglaterra. Este levantamento pretendeu criar um governo provisório e foi a primeira tentativa de instauração do regime republicano em Portugal.
As figuras cimeiras da "Revolta do Porto" foram o capitão António Amaral Leitão, o alferes Rodolfo Malheiro, o tenente Coelho, além dos civis, o dr. Alves da Veiga, o actor Miguel Verdial e Santos Cardoso, e de figuras destacadas da cultura como João Chagas, Aurélio da Paz dos Reis, Sampaio Bruno, Basílio Teles, entre outros.
O acontecimento teve início na madrugada do dia 31 de Janeiro, quando o Batalhão de Caçadores nº9, liderado por sargentos, se dirigiu para o Campo de Santo Ovídio, hoje Praça da República, onde se encontra o Regimento de Infantaria 18 (R.I.18). Ainda antes de chegarem, juntou-se ao grupo o alferes Malheiro, perto da Cadeia da Relação; o Regimento de Infantaria 10, liderado pelo tenente Coelho, e uma companhia da Guarda Fiscal. Embora revoltado, o R.I.18 fica retido pelo coronel Meneses de Lencastre que, assim, quis demonstrar a sua neutralidade no movimento revolucionário. Depois juntou-se o regimento de infantaria n.º 10, comandado pelo capitão Leitão que assume o combate das tropas sublevadas, convencido de que o movimento não seria hostilizado por outras forças militares.
Os revoltosos desceram a Rua do Almada, até à Praça de D. Pedro, (hoje Praça da Liberdade), onde, em frente ao antigo edifício da Câmara Municipal do Porto, ouviram Alves da Veiga proclamar da varanda a Implantação da República.
Foi hasteada uma bandeira vermelha e verde e foi também anunciada a constituição de um governo provisório. A multidão decidiu subir a Rua de Santo António, em direcção à Praça da Batalha, com o objectivo de tomar a estação de Correios e Telégrafos.
Este cortejo foi no entanto barrado por um destacamento da Guarda Municipal, disposto ao combate. A Guarda estava posicionada ao alto da Rua de Santo António e principiou o tiroteio entrando a multidão em debandada.
A derrota consumou-se em poucas horas e a prisão ou o exílio esperavam os implicados. Alguns conseguiram fugir para o estrangeiro: Alves da Veiga iludiu a vigilância e foi viver para Paris: o jornalista Sampaio Bruno e o Advogado António Claro partiram para Espanha, assim como o Alferes Augusto Malheiro, que daí emigrou para o Brasil.
Em memória desta revolta, logo que a República foi implantada em Portugal, a então designada Rua de Santo António foi rebaptizada para Rua de 31 de Janeiro.
Do ponto de vista político, a revolta assumiu, fundamentalmente, o carácter de explosão de ódio contra as instituições monárquicas: pretendia-se sobretudo, destronar a dinastia reinante dos Braganças e, desse modo, resgatar a afronta nacional que a sua política tinha infligido à Nação.»
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