8.10.20

A mais-valia da crise

 


«Poucos de nós terão memória de uma crise como a que estamos a viver. Arriscaria dizer: nenhum de nós viveu algo semelhante, porque nenhum país ficou imune. Acreditámos, por isso, que a tragédia que nos bateu à porta, sem aviso prévio, teria força suficiente para mudar o Mundo para melhor. Não foi preciso muito para perceber: tudo ficaria mais ou menos na mesma. Os factos estão aí a comprová-lo. 

Numa altura em que tanta gente perdeu o emprego e outros aguardam o dia pela chamada para lhes comunicarem a extinção do seu posto de trabalho, ficamos a saber que os mais ricos do Mundo ficaram ainda mais ricos. Entre abril e junho, quando o planeta estava praticamente parado, e uma grande fatia da população fazia contas para acudir às despesas básicas, a fortuna dos bilionários atingiu um novo recorde. Tudo na mesma, portanto. 

No mesmo dia, soubemos que o preço das casas continuou a subir durante a pandemia. Mais. Portugal registou a sétima subida mais alta a nível da União Europeia. Pois é, quem pensava que iríamos refletir e pensar um pouco mais no bem-estar do próximo, enganou-se. A crise, como todas as crises, é uma oportunidade de negócio. As casas continuam a ser vendidas para aumentar os ativos dos que passam ao lado da crise. 

E também os que viram na recessão do turismo o fim dos problemas da habitação, porque os alojamentos locais iriam diretamente para o arrendamento tradicional, também esses se enganaram. Algumas terão ido, outras estarão fechadas à espera de melhores dias. E os jovens que viram nesta crise uma oportunidade para sair de casa, porque os mil euros que ganham no seu primeiro emprego seriam suficientes para garantir um empréstimo bancário e comprar uma casa, terão de ver o sonho adiado. Este país não é para jovens, mas sim para os que estão sempre à espera da próxima crise para viver ainda melhor.» 

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2 comments:

olivsol4@gmail.com disse...

o almadraque fofinho
VENCER O MEDO – O MEDO DE EXISTIR
Don Bibas 14.08.20
PARA O QUE TEM SERVIDO "O PANDEMÓNIO" E "A MASCARADA"







„TODOS OS DIAS SE APRESENTAM AOS CIDADÃOS MAIS RISCOS PARA AS SUAS VIDAS, DE FORMA A MANIETÁ-LAS E A GERAR MEDOS“



(Do livro de Manuel Carvalho da Silva „Vencer o medo“ - edição Círculo de Leitores 2012 – página 25)





„O MEDO IMPEDE CERTAS FORÇAS DE SE EXPRIMIREM, INIBE, RETIRA E SEPARA O INDIVÍDUO DO SEU TERRITÓRIO, RETRAI O ESPAÇO DO CORPO, ESTILHAÇA COESÕES DE GRUPO - TUDO ISTO TEM EFEITOS IMEDIATOS NOS PROCESSOS DE PRODUÇÃO ECONÓMICA, SOCIAL, ARTÍSTICA, DE PENSAMENTO. QUEBRA-OS, DESACELERA-OS, ESFARELA-OS.



„Do livro de José Gil „Portugal Hoje – „O Medo de Existir“ edição Relógio D´ Água 2004 -12ª edição NOV.2008 -página 72)

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ABRAM OS OLHOS
Don Bibas 10.06.20
ABRAM OS OLHOS





Toda esta „MASCARADA“ política à custa do „PANDEMÓNIO“ tem como objectivos:







LIMITAÇÃO DAS LIBERDADES DOS CIDADÃOS (festas, convívios, reuniões, praias, etc.etc.)



LIMITAÇÃO-ANULAÇÃO-CERCEAMENTO DOS DIREITOS LABORAIS DOS TRABALHADORES



DISSEMINAÇÃO DUM CLIMA DE INSEGURANÇA E MEDO DE MODO A NEUTRALIZAR O M AIS POSSÍVEL QUAISQUER FORMAS DE PROTESTO CONTRA DIRECTIVAS POLÍTICAS ANTI-DEMOCRÁTICAS,



DE MODO A PODEREM SER APLICADAS





MEDIDAS DE AUSTERIDADE ECONÓMICA





QUE DE OUTRO MODO DIFICILMENTE PODERIAM SER INTRODUZIDAS SEM DESENCADEAR QUE UMA ENORME ONDA DE PROTESTO DA POPULAÇÃO.







SÓ NAO VÊ ISTO QUEM NÃO QUER, OU ESTÁ TOTALMENTE INCONSCIENTE DEVIDO Á INSEGURANÇA E AO MEDO INTENCIONALMENTE CRIADOS.









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Leituras de Salto Alto disse...


Li também, com enorme agrado, o "VENCER O MEDO" do Manuel Carvalho da Silva (MCS). A generalidade das críticas que o OLIVSOL4 refere no seu comentário são já assumidas por muito boa gente. E ainda bem que assim é. Para mim, contudo, a novidade do estudo do MCS está na afirmação de que a necessária mudança social se fará, não apenas com reformas mas também com ROTURAS. É a pedrada no charco do parlamentarismo balofo, que cultiva o voto mais como droga para adormecer e paliativo para dores de moribundo, do que como mais um instrumento, entre outros, que estruturam uma democracia viva e, portanto, em construção.

nelson anjos