«A urgência do momento impôs que escolhêssemos a restrição de liberdades e de atividades económicas como forma de proteger a vida e a saúde das pessoas e, assim, garantir a sociedade em que acreditamos.
Esta restrição não é sustentável sem um compromisso ético baseado nos princípios da solidariedade, da transparência e da confiança. Quem pergunta o que está a falhar no controlo da pandemia deve começar por rever o cumprimento deste compromisso.
As fraudes na administração das vacinas e a impunidade de quem se fez vacinar indevidamente colocam em causa a confiança no pacto social em que acreditamos. Do mesmo modo, é incompreensível que se verifiquem brutais assimetrias entre unidades de saúde - há instituições do SNS que continuam sem vacinar os profissionais de saúde da linha da frente.
É um imperativo urgente que a distribuição regional e local dos recursos públicos seja transparente - só assim podemos confiar na ação do Governo, aceitar os sacrifícios necessários e melhorar com os erros cometidos.
O primeiro confinamento mostrou-nos o valor das emoções partilhadas na proteção dos mais vulneráveis e no controlo da transmissão. Hoje desgastamo-nos com emoções negativas. Precisamos de mais compensações para quem perdeu rendimentos, de mais apoios à produção artística e de mais projetos socialmente mobilizadores neste segundo confinamento.
A situação é muito difícil. Mas não sairemos bem desta pandemia sem mais solidariedade, transparência e confiança uns nos outros; e todos no Estado.»
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