12.3.21

12.03.1959 – O dia em que o «Golpe da Sé» falhou

 


Estava prevista para a madrugada de 12 de Março de 1959 uma revolta contra o salazarismo, com o país ainda agitado pelo malogro das eleições presidenciais do ano anterior, às quais concorrera Humberto Delgado. Tratou-se do falhado «Golpe da Sé», assim denominado porque era na catedral de Lisboa que os participantes se reuniam, contando com a cumplicidade do padre João Perestrelo de Vasconcelos.

Um grande grupo de militares, cuja figura principal era o capitão Almeida Santos, mas onde apareciam nomes como Varela Gomes e Vasco Gonçalves, e de civis sobretudo católicos liderados por Manuel Serra, propunha-se realizar um verdadeiro golpe de Estado, tendo previsto o controle de meios de comunicação, transportes, fornecimento de electricidade, etc., etc.

Tudo fracassou devido a fugas de informação e foram detidas mais de 40 pessoas, incluindo o padre Perestrelo e Manuel Serra. Dos detidos, distribuídos pelas prisões de Caxias, Aljube, Trafaria e Elvas, cerca de metade foi julgada. Dois evadiram-se de Elvas e um deles, o capitão Almeida Santos, foi assassinado – episódio que deu origem ao romance de José Cardoso Pires, A Balada da Praia dos Cães. Quanto a Manuel Serra, a páginas tantas hospitalizado no Curry Cabral, conseguiu fugir, vestido de padre, e seguiu directamente para a embaixada de Cuba em Lisboa onde pediu asilo político. Alguns meses mais tarde, utilizando outro estratagema (cortou rapidamente a barba e o cabelo), fugiu de novo, dessa vez para a Embaixada do Brasil, já que o seu objectivo era juntar-se a Humberto Delgado naquele país, o que veio a acontecer.
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