17.7.21

Cuba: não se recupera a esperança pela força

 

Subscrevo o que Jorge Costa, deputado e dirigente do Bloco de Esquerda escreve neste texto, cuja leitura aconselho na íntegra. Ficam estes parágrafos:

«A longa crise económica, que chega à escassez alimentar, fruto direto do bloqueio económico que Trump agravou e que Biden quer manter, somada à pontual insuficiência do sistema de saúde sob a pressão avassaladora da pandemia, levou milhares de pessoas às ruas por toda a ilha.

A esquerda só pode condenar a repressão das manifestações populares, a que não escapam sequer setores marxistas críticos. Em Cuba, a esperança não se recuperará pela força.

Alimentadas por um “perigoso estado de ódio que foi crescendo nos últimos anos” (Padura), podemos assistir no futuro às desgraças de mais uma operação de “regime change” desenhada a norte. Para impedir tal cenário, Cuba precisará do Partido Comunista, certamente, mas não pode adiar de novo a abertura à liberdade política. Quase impossível? Talvez. Mas apoiar essa possibilidade é a única solidariedade verdadeira, contra o imperialismo e com o povo de Cuba.»
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4 comments:

Monteiro disse...

Liberdade política? Com liberdade não se servem almoços. Cada Partido defende a sua freguesia. Criar Partidos é criar antagonismo entre as pessoas. Na Grécia democrática só havia um Partido que era o Partido dos cidadãos. A igualdade estava no acesso igual para todos porque todos defendiam o mesmo com excepção dos Armadores ricos que se apoiavam em Sócrates e por isso o condenaram à morte.

Leituras de Salto Alto disse...


"Que fazer?" - Há momentos na história em que não podemos ir além da pergunta. E, chegar à pergunta certa já não é nada mau! Por mim, e para além de uma incondicional solidariedade com o povo cubano, por enquanto fico-me por aí. O texto do jornalista parece-me carregar também mais um mar de dúvidas do que certezas.

nelson anjos



Joana Lopes disse...

Sr. Monteiro, assumo que tem saudades da UN de Salazar, que é fã da Coreia do Norte ou que, pelo menos, não aprecia democracias a não ser as de alguns séculos antes de Cristo. Se puder dar-me algum exemplo de um país democrático sem liberdade para criação de partidos, vá lá desde o início do século XX, eu agradeço.

Monteiro disse...

D. Joana Lopes, assuma o que quiser desde que o faça por conta própria fá-lo sempre com razão já dizia José Afonso. Não me consigo lembrar de nenhum país democrático sem liberdade para a criação de partidos. Tem razão, todos os países democráticos até estimulam e financiam os Partidos só não percebo como é que vão dar de comer aos milhões de pobres e miseráveis que existem por todo esse mundo democrático em especial na Índia, no Brasil e até na América onde há milhões de crianças sem abrigo a viver debaixo de pontes. Acha que a UN se preocupava com isso? Eu como herdeiro da Doutrina Social da Igreja nunca deixei de me preocupar e até afirmo que Cristo foi o primeiro Comunista da História.