Já descrevi esta aventura em tempos, mas aqui fica de novo. Para os mais novos parecerá surrealismo, os menos novos sorrirão.
Por razões profissionais, estive durante alguns anos ligada ao processamento dos resultados eleitorais, então efectuado no Centro de Informática do Ministério da Justiça. Viviam-se semanas épicas na preparação de todos os processos, noites ainda mais épicas quando a data chegava, e é difícil imaginar hoje a dificuldade, o pioneirismo e o stress com que tudo se passava.
O apuramento era especialmente longo no caso das eleições autárquicas pelo número de candidatos e lugares envolvidos e, em 1979, estive mais de 24 horas sem abandonar o meu posto. Muito tempo depois do fecho das urnas ainda faltavam os dados de quatro freguesias e, às 16:00 do dia seguinte, nada se conseguia saber de uma delas, localizada bem a Norte do país, salvo erro em Trás-os-Montes. Primeiro faxes, depois telefonemas para o respectivo Governo Civil... tudo inútil, ninguém encontrava o rasto do presidente da única mesa onde se tinha votado. Até que, bem mais tarde, o inesperado aconteceu: o homem acabou por chegar, em pessoa, ao Ministério da Justiça em Lisboa. Tinham-lhe dito que era ali que os dados eram processados e ele pôs-se a caminho. Trazia a urna ainda fechada e tinha deixado à porta… o cavalo que o transportara desde casa!
Julgo que, amanhã, não vamos ter de esperar por votos transportados a cavalo.
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