27.12.21

Porque corta Moedas na saúde pública?

 


«“Aquilo que a pandemia hoje exige do decisor político é a antecipação”. Esta é uma frase de Carlos Moedas que, pensando que cumpria esta máxima, antecipou-se a algo – que ninguém sabe bem o que era - e começou a cortar nas medidas de saúde pública que nos ajudavam a conter a pandemia.

Tudo começou com o encerramento de dois centros de vacinação, optando por centralizar a vacinação na FIL, por motivos económicos. Para haver uma poupança irrelevante – e veremos se a cedência do espaço por parte da Associação Industrial Portuguesa, a título gratuito, é mesmo um almoço grátis – prejudicou-se a capacidade de vacinação máxima – passámos de uma capacidade máxima de 12 mil para 7500 – e negligenciou-se o conforto das pessoas que são vacinadas em Lisboa já que, agora, deixam de ter espaços descentralizados perto de casa, para se terem de deslocar vários quilómetros. A medida levou a ajuntamentos desnecessários, a longas filas de espera e até se chegou mesmo a ter de suspender a vacinação. De facto, Carlos Moedas tem razão, um decisor tem de antecipar, mas quem poderia antecipar que concentrar tudo num espaço levaria as pessoas a esse mesmo espaço? Nem a recomendação do Bloco de Esquerda que apontava para o regresso ao sistema anterior – que, recorde-se, contribuiu para que Portugal fosse um dos países com maior taxa de vacinação - e que foi aprovada na Assembleia Municipal de Lisboa, teve o condão de travar esta medida errada.

Mais recentemente, outra decisão errada e inaceitável. Numa altura em que convivemos com uma nova variante de impacto ainda incerto, em época de festas que, como sabemos, exige mais testagem e não menos, o que decidiu Carlos Moedas? Sem avisar as pessoas, acabou com a testagem ilimitada. Não havia pior forma e pior fase para o fazer. Os relatos de que houve pessoas que não fizeram teste por não terem possibilidade de o pagar, mesmo tendo tido um contacto de risco, dizem-nos tudo sobre esta irresponsabilidade. Tendo sentido a impopularidade desta decisão, a câmara informou que iria pagar os testes mas apenas depois de esgotada a rede protocolada com o Serviço Nacional de Saúde. Importa dizer que esta informação é uma cortina de fumo: num ápice, a rede de testagem fica reduzida a pouco mais de metade e com critérios mais restritos. Quantas pessoas não se testaram ou não se vão realizar teste por causa desta decisão?

Já conhecemos esta maneira de lidar com os problemas, sejam eles quais forem. É a doutrina da folha de Excel, das vidas colocadas em números e das decisões cegas que se limitam a olhar para o custo e não para as pessoas. É, contudo, uma política bastante seletiva. É que enquanto o executivo de Carlos Moedas ensaia já a “situação orçamental exigente da Câmara”, prescinde de receita fiscal e devolve mais IRS aos mais ricos da cidade. Por um lado dizem não ter dinheiro, por outro dizem que não precisam de dinheiro.

A folha de Excel de Moedas é um perigo de saúde pública e uma bonança fiscal para os mais ricos. Já conhecemos esta história, que é um programa, e aqui estaremos para derrotar esta irresponsabilidade.»

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2 comments:

Monteiro disse...

E a Assembleia Municipal não faz nada?

António Alves Barros Lopes disse...

Porque apenas é mais um liberal chegado ao poder. Se o PSD fosse um partido Social Democrata... até eu votaria nele (no partido)