8.12.21

Quando eu perdi uma Nossa Senhora

 


Quando chega o 8 de Dezembro, dia da Imaculada Conceição, lembro-me às vezes de um pavilhão ao ar livre que servia de sala de aula ao que hoje seria a minha pré-primária, com um calor absolutamente abrasador de um Verão moçambicano, não muito longe da praia da Polana.

Devia ter uns quatro ou cinco anos e tive o primeiro choque religioso de que guardo memória, quando percebi que só havia uma Nossa Senhora e não duas, tão diferentes que me habituara a vê-las! A da Conceição sempre me tinha parecido mais bonita do que a outra porque tinha aos pés muitos anjinhos e não umas pobres alpercatas, pairava nas nuvens e não em cima de uma árvore mais ou menos raquítica, marcava no calendário o Dia da Mãe (e a minha até se chamava Conceição…) e devia ser mais importante porque dava direito a um dia com praia e sem escola.

«Avant la lettre», talvez achasse mais do que normal que uma criança que tinha dois pais não ficasse atrás no que às mães dizia respeito…
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