Li ontem que os jovens portugueses saem muito tarde de casa dos pais – 33,6 anos –, quando os suecos o fazem com 19.
Isto fez-me recordar uma conversa tida há mais de trinta anos, concretamente mesmo no fim da década de 80 do século passado. Trabalhava então na Bélgica e um colega de Estocolmo contou-me que estava feliz porque a sua filha única tinha acabado o primeiro ano na Universidade. Tinha saído de casa um ano antes, aos 18, para frequentar uma faculdade na cidade onde os pais moravam, mas era autónoma financeiramente: com a ajuda do Estado, mas não suficiente, e por isso completada com o que ganhava como taxista à noite.
Que os jovens saírem de casa depois do Secundário, com vários tipos de subsídios, era normal na Norte da Europa eu já sabia, que uns pais com uma vida muitíssimo confortável financeiramente não dessem à filha o que ela precisava para viver sem ter de guiar um táxi à noite fez-me abrir a boca de espanto. Conversámos sobre o assunto e o espanto do pai não foi menor que o meu: que davam à filha prendas nos anos, no Natal, etc., que estariam presentes se ela tivesse algum problema grave, mas que nunca ousariam quebrar a sua independência de adulta.
Claro que Portugal não é a Suécia, havia e há várias Europas, vários mundos – para o bem e para o mal. Mas com consequências inevitáveis.
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