«No espaço de dois meses, o governo de Salazar criou formalmente, pela mão do ministro do Ultramar, Adriano Moreira, dois campos de concentração, eufemisticamente denominados "campos de trabalho":
• A Portaria n.º 18539, de 17 de junho de 1961 (ver anexo), que reabriu na Ilha de Santiago, em Cabo Verde, o Campo de Concentração do Tarrafal, agora designado como campo de trabalho de Chão Bom (cuja localização não vem identificada para além do nome), assegurando o seu funcionamento com servidores dos "quadros da Província de Angola";
• A Portaria n.º 18702, de 24 de agosto de 1961 (ver anexo), institui "na Província de Angola", o campo de trabalho de Missombo, cujo quadro de pessoal comportava 105 unidades.
Duas notas:
1. No mesmo dia 24 de agosto de 1961, foi publicado o Decreto-Lei n.º 43.875 extinguindo o regime das culturas obrigatórias e regulando o regime da cultura do algodão - tentando assim responder às causas que originaram a revolta e o massacre de Cassange;
2. A segunda fase do Campo de Concentração do Tarrafal (crismado em 1961 como "Campo de Trabalho de Chão Bom") viria a receber presos políticos de Angola, Guiné-Bissau e Cabo Verde mas esteve igualmente prevista a deportação de moçambicanos para aquele campo de concentração, chegando a ser publicada a Portaria n.º 20811, de 21 de setembro de 1964, regulando a "contribuição da Província de Moçambique" para o efeito.»
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