8.11.22

Cada coisa no seu lugar

 


«A história é verdadeira: um grupo de jovens estudantes em visita à Redação é confrontado com a agitação de uma operação de bombeiros no prédio em frente. A explicação de que um trabalhador estava em risco de cair e estava a ser resgatado pelos bombeiros não despertou grande interesse e foi rapidamente ignorada.

Poucos minutos depois foi avançada outra explicação: afinal, os bombeiros estavam a resgatar um gato que estava no telhado do prédio. A reação inverteu-se: rapidamente quase duas dezenas de jovens se amontoaram junto da janela com constantes lamentos sobre a sorte do "gatinho" em perigo.

O exemplo constituiu uma espécie de teste sobre como a sociedade se preocupa tanto em ajudar os animais e, em simultâneo, quase ignora os seres humanos em dificuldade. Algo de estranho se passa com uma sociedade que coloca no mesmo patamar uma criança e um animal doméstico.

Os animais, sejam quais forem, devem ser cuidados, bem tratados e acarinhados. A forma como tratamos bem ou mal os animais - e não apenas os domésticos - diz muito sobre a nossa evolução civilizacional. Mas o excesso diz-nos outro tanto...

Diz-nos, por exemplo, que estamos cada vez mais individualistas e incapazes de olhar para as necessidades dos outros. Diz-nos como somos mesquinhos quando estamos disponíveis para ajudar um animal abandonado mas olhamos para o lado quando encontramos um ser humano caído na berma de uma estrada.

Seria tão bom que a sociedade que reage entusiasticamente e se mobiliza para ajudar animais em dificuldades ou maltratados o fizesse com a mesma intensidade quando estão em causa pessoas. Uma ajuda que, por vezes, se resume a ligar o 112.»

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