25.3.23

Há vida para além das contas certas

 


«O défice das contas públicas desceu de 2,9 por cento do produto interno bruto em 2021 para 0,4 por cento em 2022 e a economia nacional vai crescer 1,8 por cento e a inflação descer de forma mais evidente em 2023. Os indicadores do Instituto Nacional de Estatística e do Banco de Portugal, respectivamente, anunciados esta sexta-feira, superam todas as expectativas, em particular as do Governo.

O quadro económico, num contexto internacional mais favorável e de crescimento das exportações, permite ao executivo avançar com um novo pacote de medidas para fazer face ao aumento do custo de vida sem comprometer a linha vermelha das contas certas.

O quadro económico permite, a situação social exige. Seria escandaloso se o Governo nada fizesse perante estes indicadores, embora o primeiro-ministro se mostre surpreendido com o valor do défice e, parcialmente, o atribua a um efeito contabilístico.

Como referiu no Parlamento, António Costa pretendia que a novidade desta sexta-feira não fosse o défice baixo, mas sim o IVA zero para um cabaz de bens essenciais, o aumento do subsídio de refeição e aumento adicional de 1% nos salários da função pública, apoios à produção agrícola e às famílias mais vulneráveis.

Na conferência de imprensa de anúncio das medidas, o ministro das Finanças quis passar a mensagem de que tinha chegado a altura de acertar contas com os portugueses que andam a “fazer contas à vida”; que era este o momento de distribuir o que a economia gerou no ano passado.

O Governo foi duplamente prudente. O imperativo das contas certas fez com que o executivo adiasse a aplicação de novas e mais robustas medidas que auxiliassem a população a lidar com as consequências acumuladas de uma crise pandémica, um contexto de guerra na Europa e de uma galopante subida da inflação e das taxas de juro, apesar dos apelos do Presidente da República nesse sentido. As medidas anunciadas são, igualmente, prudentes.

São as medidas possíveis neste momento: tentam responder à crispação dos funcionários públicos em greve e à crescente contestação devido ao flagrante aumento do custo de vida. Estes 2500 milhões de euros são uma espécie de compensação para quem aguentou até agora o sacrifício de viver abaixo das suas necessidades. Fica a sensação de que poderiam ter sido aplicadas antes e a dúvida se deveriam ter ido mais longe e se irão chegar a tempo. Há ou não há vida para além das contas certas?»

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1 comments:

António Alves Barros Lopes disse...

O mais extraordinário é que há uma situação matematicamente demonstrada em que 2+2=5. (Dois mais dois é igual a cinco)