«O quase insignificante episódio da escala de Costa em Budapeste dissolveu-se no ar. Todas as mais sorrateiras justificações têm eco popular: o homem gosta de futebol, e quem não gosta; em calhando, até foi lá apalavrar em segredo um campeonato em Portugal, depois da Jornada Mundial da Juventude precisamos de um novo desígnio nacional e não há melhor do que a bola; no mínimo, foi cumprimentar um colega com quem tem “relações de trabalho”, diz o comunicado oficial. Tudo é leve e, portanto, passa depressa. O que restou, no entanto, foi a pergunta mais difícil: e o “não passarão”, entoado em tom heroico em comícios ainda há pouco, aliás até repetido no Parlamento como um chamamento às armas, em cenas que deixam o país suspenso, agora é que chega a vias de facto? Que é feito dessa promessa garbosa de um levantamento antifascista, de uma intransigência moralizante, de uma aliança progressista europeia — o termo foi mesmo usado repetidamente — e de um combate valente contra as forças das trevas? Nada, pois era o que se esperava.»
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