4.7.23

Papa espevita protestos

 


«Oportunismo ou o espelho das condições de vida? Talvez um pouco das duas coisas. A verdade é que a Jornada Mundial da Juventude, marcada para o início de agosto em Lisboa, será pretexto para múltiplos protestos.

Os professores não desarmam, lá estarão a gritar bem alto o seu descontentamento; as forças policiais, também. Uns a mostrar apenas insatisfação, uma vez que o seu estatuto não lhes permite fazer greve, outros, como a ASAE e o SEF, já prometeram paralisar. E, ainda mais pernicioso, os médicos, descontentes com as condições de trabalho e não menos importante com os salários que auferem, deixam claro: nos dias da visita do Papa Francisco, admitem não trabalhar. Tudo legítimo, naturalmente.

Bem pode o país querer brilhar, gastar milhões em palcos que servem apenas para um evento, transformar terrenos abandonados em parques públicos e, no final, estamos sempre mais ou menos na mesma. Os portugueses ganham mal, ganham cada vez pior. Bem vistas as coisas, não deviam ser apenas os médicos, os polícias e os professores a aproveitarem a visita do Papa e a sua visibilidade planetária, pelo menos no mundo católico, que isso vai ter, a sair à rua.

A maioria dos portugueses terá razões para gritar bem alto quão descontente está com o salário auferido no final de um mês de trabalho, apesar da senhora Lagarde considerar serem essas pequenas fortunas o grande mal da economia mundial. Não tenho dúvidas, à presidente do Banco Central Europeu bastaria viver um mês em Portugal, com um salário destas bandas, para mudar de ideias.»

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