«Quando nos acostumamos a medir os graus Celsius como se de uma competição se tratasse, é a melhor prova de um inusitado aumento exponencial das temperaturas nesta época do ano. Não é a primeira vez que o Alentejo ganha esta “competição”, mas temos de nos preocupar com a sequência de dados extremos que condicionam diretamente o desenvolvimento das atividades quotidianas. As ondas de calor no Mediterrâneo, principalmente em Itália, Grécia e Espanha, que estão a ocorrer deste os finais de julho, e que em Portugal parecem ter chegado um pouco mais tarde, obrigam a preocupações reforçadas. Não é por acaso que muitos espaços naturais passaram a alertas vermelhos devido ao risco extremamente alto de incêndio.
Além da perceção imediata, as investigações e os dados científicos são incontestáveis. O calor extremo registado na Europa no verão de 2022, que foi o mais quente do continente europeu desde pelo menos 1880, está na origem de 61 672 mortes prematuras em 35 países, segundo um estudo da “Nature Medicine”.
A revista especializada refere que Portugal está entre os países europeus que mais mortes tiveram devido ao calor, com 211 óbitos por cada milhão de pessoas, com a Itália a liderar o ranking, seguida da Alemanha, Grécia e Espanha. O estudo indica que o número equivale a 41% a mais de mortes atribuídas a altas temperaturas médias do que nos verões do período entre 2015 e 2021. Qualquer previsão de que essa evolução pare por si só corresponde ao pensamento mágico, sobretudo quando sabemos que os efeitos dos picos de calor recaem sobre os idosos, nos quais a conjugação de várias doenças,
nomeadamente cardiovasculares, pode desencadear um efeito fatal.
A tentação suicida negacionismo diante da emergência climática esbarra em dados como os do verão de 2022 e que este ano poderã ainda ser reforçados. A intensificação do aquecimento global está aí e a necessidade de medidas de prevenção mais eficientes tem de ser pensadas.»
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1 comments:
Taxar saquinhos e abater sobreiros é capaz de resolver.
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