15.12.23

O PS é o único partido que faz frente ao PS

 


«Agora que se concretizou a demissão do Governo, talvez seja boa altura para fazer um balanço da legislatura. Com surpresa, verifico que a maior parte dos comentadores considera que o PS está fragilizado. Creio que se verifica o contrário. Nos últimos dois anos, o PS foi o melhor Governo, até porque foi o único, e foi a melhor oposição, uma vez que foi o partido que fez cair o Governo. Os outros partidos tentaram, mas nenhuma das suas iniciativas foi capaz de beliscar sequer a maioria absoluta. Mas o PS, devido às pessoas de quem o seu secretário-geral se rodeou, conseguiu derrubar o Governo do PS. Foi única e exclusivamente devido à acção do PS que terminou a maioria absoluta do PS. Significa isto que, nas próximas eleições, os cidadãos que desejam ver o PS no poder devem votar no PS; e aqueles que, por outro lado, preferem um partido que tenha a capacidade de impedir o PS de estar no poder, também devem votar no PS. Ou seja, o partido mais bem colocado para ganhar as próximas eleições é, sem dúvida nenhuma, o PS. A verdadeira reflexão que há a fazer é se o país tem necessidade dos outros partidos, que se limitam a assistir à governação do PS e ao derrube do Governo do PS pelo PS. Uma vez que o PS governa, faz oposição e apanha as canas, é duvidoso que Portugal precise das outras forças políticas, que são manifestamente inúteis.

Essa parece ser também a convicção de António Costa. Na entrevista que deu esta semana à TVI, o primeiro-ministro afirmou: “Só espero que das eleições do próximo dia 10 de Março resulte uma situação mais estável do que aquela que tínhamos actualmente.” Para António Costa, há soluções mais estáveis do que uma maioria absoluta do PS, o que faz sentido. Ele sabe bem que dar todo o poder ao PS é perigoso, dada a inclinação do PS para tirar o poder ao PS. No que à estabilidade diz respeito, uma maioria absoluta do PS é uma solução apenas no sentido de “soluço muito grande” — que é, aliás, uma boa descrição dos últimos dois anos. Foram uma espécie de sobressalto bruto que deixou toda a gente um bocado indisposta. Como é improvável que António Costa apele ao voto noutros partidos, deduz-se daqui que, para o ainda secretário-geral do PS, a solução mais estável é uma maioria relativa do PS, forma de governo em que os outros partidos são as rodinhas que impedem a bicicleta do PS de cair. Sozinho, o PS não sabe andar e cai.»

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