26.3.24

Eleições e coligações

 


«Como é sabido, com o nosso sistema eleitoral, a distribuição dos lugares de deputados depende muito da existência ou não de coligações pré-eleitorais. Com essa vantagem, a AD ganhou, embora por pouco, as legislativas de 10 de março. Mas com os dados apurados é agora possível compreender qual teria sido a distribuição dos mandatos se tivessem existido outras coligações pré-eleitorais, tanto à esquerda como à direita. É o resultado deste exercício que aqui se apresenta no gráfico com a distribuição atual de mandatos no círculo de dentro e com a que resultaria de potenciais coligações no círculo de fora.

Se a "Esquerda + Verde" (PS+BE+CDU+Livre+PAN) tivesse concorrido coligada e obtido o mesmo número de votos, o número de mandatos conquistados teria aumentado dos actuais 92 (78+5+4+4+1) para 106, resultando na diminuição de uma potencial coligação de centro-direita (AD+IL) dos atuais 88 (80+8) para 84 mandatos e numa redução ainda mais significativa do Chega, que teria obtido 40 em vez dos 50 mandatos.

Na verdade, o reforço da representação parlamentar da "Esquerda + Verde" não teria, no entanto, sido suficiente para atingir a maioria absoluta, ficando ainda a 10 mandatos de distância. No entanto, com os mesmos votos, os papéis teriam ficado trocados.

Teria sido naturalmente Pedro Nuno Santos o indigitado para a formação de governo e seria a Luís Montenegro que se pediria que, em nome da estabilidade, viabilizasse um programa da "Esquerda + Verde" e os seus orçamentos. E se, como noutros países, a maioria relativa fosse suficiente, não seria mesmo necessário pedir a Luís Montenegro, como agora se pede a Pedro Nuno Santos, esse exercício de responsabilidade.

De qualquer forma, é claro que a existência de coligações pré-eleitorais pode fazer a diferença. Fez a diferença nestas eleições com a vitória da AD. E espero que também a possa fazer no futuro para uma "Esquerda + Verde".»

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1 comments:

Fernando Batista disse...

Assumindo o seu pressuposto, a politica é matemática, podemos recuar apenas a 2022.
E olhar apenas para dois partidos.
O PSD e o CDS tiveram varias conversações falhadas para concorrem coligados.
Se somassem os votos do CDS aos votos do PSD, o PS não teria maioria dos deputados na AR.
Com o PS sem maioria absoluta, a governação do Costa seria diferente e provavelmente ainda tínhamos governo do PS.