«Na noite eleitoral, ainda os resultados de PS e AD caminhavam perigosamente para um empate, senão mesmo para uma vitória do PS, já Pedro Nuno assumia a derrota e deixava o Altis aliviado e satisfeito. As imagens mostravam um homem sorridente e sereno depois de uma derrota.
Tendo em conta que Montenegro tinha dito que só governaria se tivesse mais votos, Pedro Nuno esteve a sete décimas de lhe sair a fava do 10 de março. Mas os caminhos da democracia e as escolhas dos eleitores são insondáveis e, a esta altura, embora seja pouco provável, ainda é possível o PS ter mais votos e mais mandatos. O número recorde de votantes nos círculos da Europa e Fora da Europa ainda podem virar o jogo.
O que nos levaria a uma situação bizarra, o homem que espera ser indigitado acabava por perder as eleições e o que se dispôs a ir para a oposição seria chamado a governar.
Mas, quem quer governar este país com a composição parlamentar que resultou da vontade dos portugueses? Se Marcelo esperava eleições clarificadoras, os eleitores não lhe fizeram a vontade.
Ninguém se quer casar com o Chega e, portanto, temos de perceber como se vão comportar todos os outros partidos diante do fenómeno do milhão de votos e quase 50 deputados. Fazer de conta que eles não existem não me parece que seja a melhor opção.
Pedro Nuno não quer governar, Montenegro quer, o PS não vai ser muleta do PSD, o Chega também não, e no intrincado xadrez parlamentar é preciso uma cuidadosa negociação para que o Governo não fique manietado. Ou bloqueado pela direita queixinhas e pela esquerda ressabiada.
Enquanto Mortágua quer reuniões à esquerda para convergências, PSD e Chega, aparentemente, não têm canais de diálogo. Porque “não é não”.
Enquanto isso, este é o tempo do Presidente, que o vai esticar o mais possível. Depois de semanas calado, porque era o tempo dos partidos, Marcelo tem agora de decidir o que fazer e com que garantias, e de quem.
Governar assim, queima.»
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1 comments:
O voto é uma arma perigosíssima nas mãos de quem, só tem, como "formação" política os debates enviesados nas tvs, os títulos dos jornais e as conversas de café, entre pares...e outros nem isso.
Sendo assim, e como o capitalismo selvagem promove a guerra de todos contra todos, não temos outra saída que dar a voz e a acção aos eleitos, e sem "paninhos quentes", deixá-los trabalhar... Depois, se ainda tivermos direito a eleições votaremos em conformidade. Caso contrário, teremos que travar uma luta mais árdua para a reconquista dos direitos que não foram nem serão nunca dados como adquiridos.
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