«A Europa está ansiosa. Inquieta com o processo eleitoral que a envolve em junho, apreensiva com o desfecho das presidenciais norte-americanas em novembro. A polarização e a radicalização crescem à custa de mais manipulação. Estamos todos atentos? Preocupados, sim. Preparados, nem por isso.
Ficaríamos todos a ganhar se a desinformação fosse a grande derrotada no sufrágio para o Parlamento Europeu. Mas, os dados que nos vão chegando não são otimistas.
Para perceber bem o fenómeno, sobretudo em ambiente digital, atente-se, como exemplo, ao seguinte: uma rede que operava no TikTok para amplificar narrativas favoráveis aos extremistas da Alternativa para Alemanha tinha meio milhão de seguidores distribuídos por 32 contas falsas.
Sabemos, à partida, que as eleições europeias são propícias à abstenção, o que agrava ainda mais o cenário. A Europa não vive apenas uma guerra bélica, vive um conflito de informação. O Serviço Europeu para a Ação Externa prova-o. Há mais de 80 países que tentam interferir nas eleições europeias, incluindo a Rússia e a China.
O fenómeno gigantesco não tem fronteiras. Uma outra organização tentou, a partir do Egito e da Suécia, manipular o discurso sobre a guerra entre Israel e o Hamas. Era seguida por mais de um milhão de pessoas através de 200 perfis falsos.
O combate às chamadas operações secretas de influência devia ser uma prioridade. Em Portugal, por exemplo, a ERC vai ter um sistema de alerta sobre desinformação, a UE lançou uma série de ações e as plataformas tecnológicas garantem reforçar o controlo.
Mas também cabe aos candidatos às europeias dar ao assunto a relevância que merece, credibilizando as instituições. Não podemos dar mais espaço à mentira.»
.
0 comments:
Enviar um comentário