23.5.24

Uma vergonha

 


«A poucas semanas das eleições europeias, a vergonha abate-se sobre nós, numa altura em que a extrema-direita continua a galgar terreno em temas tão delicados como a imigração. André Ventura envergonhou os portugueses quando disse em Madrid, na convenção do Vox, que é preciso “dizer à Europa” que não é possível continuar a permitir a “entrada massiva de imigrantes islâmicos e muçulmanos” e, uns dias antes, 15 países-membros, liderados pela Dinamarca, enviaram uma carta à Comissão Europeia no sentido de endurecer a política de migração.

De entre os 27 países-membros, haver 15 que colocam em causa valores fundamentais da União é meio caminho andado para uma desunião. Dinamarca, República Checa, Bulgária, Estónia, Grécia, Itália, Chipre, Letónia, Lituânia, Malta, Países Baixos, Áustria, Polónia, Roménia e Finlândia não perderam tempo a tentar acabar com o pacto restritivo alcançado em dezembro. Estas nações querem seguir a italiana Meloni, com a criação em países terceiros de centros para o envio de migrantes. Mas veja-se o que está a acontecer no Norte de África: uma investigação do “El País” revela que Marrocos, Mauritânia e Tunísia estão a utilizar os fundos comunitários para deter os migrantes e refugiados e abandoná-los no deserto à sua sorte. É isto que pretendem os 15 signatários, ao dizerem que as suas propostas defendem a “estabilidade e coesão social”, mas que, na verdade, cheira a xenofobia. Externalizar a responsabilidade da União para países terceiros nem sempre é a melhor solução, principalmente para aqueles onde o respeito pelos direitos humanos dos migrantes não é garantido.

É a partir dessa consciência que deve ser assumido o desafio que a Europa enfrenta em matéria de migrações, que geram desequilíbrios, sem dúvida, mas que não podem ser resolvidos com medidas que nos façam sentir vergonha de sermos europeus.»


1 comments:

Niet disse...

Mário Draghi conseguiu convencer Meloni a moderar-se e a deixar as companhias de Salvini e Órban a carpir mágoas. E o antigo PM italiano esforca-se agora por convencer Macron e uns sociais retardatários da Escandinávia a convencerem Ursula VD Leyen a juntar-se ao grupo que por
certo incluirá os Conservadores britânicos. Cohn-Bendit acusou Macron de " incompetência social e pode ter êxito nessa démarche pública e sonora.Uma das grandes novidades desta edicäo 2024 é a participacäo nas catacumbas da China ao lado da Russia para corromperem financeiramente os mais
infelizes, segundo revelou há dias o grande " Le Monde ". Niet