«A tragédia que inundou Espanha nos últimos dias despertou-nos para os efeitos catastróficos das alterações climáticas. Centenas de vidas perdidas, um registo incontável de desaparecidos, um quadro medonho de destruição que deixou a Comunidade Valenciana mergulhada num cenário de guerra. Quase sem darmos conta, passamos de simples sinais e alertas validados cientificamente para as consequências trágicas destes fenómenos extremos. Choveu tanto num dia como num ano inteiro. E sabemos que voltará a acontecer, cada vez com mais frequência. Ainda assim, meio Mundo ignora as evidências, ridiculariza as lutas de jovens inspiradoras como a sueca Greta Thunberg, tantas vezes os mesmos que surgem depois, travestidos de especialistas, a clamar por mudança nas práticas que nos conduziram à emergência ambiental. Um problema de dimensão global não se resolve a atirar tinta para obras de arte ou na direção de políticos, é certo. Mas ignorar será sempre pior, gerando consequências ainda mais devastadoras. As novas gerações, imbuídas de uma consciência ambiental mais vincada, são a única esperança. Precisamos de ser mais produtivos, mas a exploração dos recursos naturais tem de evoluir em harmonia com o futuro da Terra, cujos gritos de sobrevivência são audíveis em tragédias como a de Espanha. Compete aos governantes, em particular, e à sociedade, em geral, comandar este processo e, definitivamente, encostar às cordas os negacionistas, que estão em todo lado, sobretudo associados a movimentos extremistas de direita. Apontemos a novas dinâmicas, otimistas e responsáveis, porque o tempo é tão curto como relativo, mas o espaço não tem limites. A margem para evoluirmos é inesgotável, ao contrário dos recursos do planeta, pelo que devemos ter isso sempre presente. A mudança depende de todos e começa em cada indivíduo, cabe aos políticos acrescentar-lhe escala.»
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