15.3.25

O voto útil e os pequenos partidos

 


«Como já é habitual em cada acto eleitoral, partidos como o PS e o PSD apostarão na retórica do “voto útil”, desconsiderando os partidos com menor expressão e almejando uma maior concentração de votos nas suas estruturas partidárias. Fazem-no sob o pretexto dos “votos perdidos”, apelando a que a expressão eleitoral do seu campo político (esquerda ou direita) neles convirja, evitando um “desperdício” que põe em causa uma eventual vitória. Ora, em democracia, nenhum voto é desperdício. (…)

Em democracia, espera-se que os cidadãos tenham a liberdade de votar na proposta política que melhor representa as suas convicções, sem quaisquer amarras. No entanto, a lógica do voto útil ainda logra um sucesso considerável, um fenómeno que não é unicamente condicionado pela retórica dos grandes partidos. O sistema eleitoral português, organizado pelos distritos do país, configura-se como um entrave à representação nacional proporcional das várias forças partidárias na Assembleia da República. Em distritos como Portalegre, que elege unicamente dois deputados, é virtualmente impossível que outro partido que não o PS ou PSD eleja. (…)

Nenhum voto é desperdiçado, mesmo no sistema eleitoral que actualmente vigora. É certo que um voto no Porto ou em Lisboa num partido considerado “pequeno” terá maior impacto, possibilitando a sua eleição, mas um voto em Leiria ou em Bragança num destes partidos também não é em vão, dado que a lei do financiamento dos partidos é regida pela percentagem da sua votação. No fundo, com mais financiamento o partido consegue chegar a mais pessoas e organizar mais iniciativas, crucial para se afirmar numa democracia representativa.»


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