10.4.25

Fazer Portugal Grande Outra Vez

 


«O mundo que conhecemos e em que vivemos, de relativo progresso (mais para uns dos que para outros) e de paz relativa (os ucranianos e os palestinianos terão outra opinião) parece ter os dias contados. Os pilares que permitiam aos europeus (e aos portugueses), pelo menos sonhar com um futuro melhor para si e para os seus, estão a desmoronar-se. Seja o pilar da segurança e defesa, uma peça fundamental para garantir estabilidade a um continente ameaçado por potências militares agressivas e imprevisíveis (Rússia, China e EUA). Seja o pilar da economia, sustentada na capacidade de produzir e no comércio de bens serviços com outros mercados, que Trump ameaça demolir com a sua guerra comercial. Seja o pilar da democracia, que, para além de depender dos dois primeiros, está sob ameaça de forças da extrema-direita, cujo mentor não é outro senão Trump.

Tudo isto pode parecer distante. Em particular quando se vive em Portugal um período de campanha eleitoral em que é “proibido” dar más notícias aos eleitores e, ao contrário, se apostam todas as fichas em garantir que será possível dar alguma coisa a quase todos. É como se vivêssemos numa realidade política, social e económica paralela.

Na ausência de um discurso realista por parte dos dois maiores partidos (PSD e PS), ou seja, de quem vai assumir o próximo Governo, sobra-nos a caricatura caseira de Trump. Num dos debates com que nos vamos entretendo, o líder do Chega disse a quem o quis ouvir que é de mais tarifas que a Europa precisa, elogiando a guerra comercial destrutiva do seu ídolo e mentor. É dessa forma que André Ventura quer “Fazer Portugal Grande Outra Vez”. Como acrónimo FPGOV é bastante mais fraco do que o MAGA (Make America Great Again) de Trump, mas a ideia é a mesma: Ventura aposta tudo num regresso aos tempos do “orgulhosamente sós”.»


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