«Ao longo dos anos, PS e PSD sempre dividiram entre si, com mais ou menos dificuldade, os cargos de topo disponíveis em certos organismos do Estado que têm de ser eleitos no Parlamento por maioria de dois terços. São os chamados órgãos externos: Tribunal Constitucional, Conselho Económico Social, conselhos superiores de Defesa Nacional, de Informações e de Segurança Interna, Conselho Superior da Magistratura e do Ministério Público, Entidade Reguladora para a Comunicação Social, só para dar alguns exemplos (podiam ser muitos outros).
Como até aqui os dois partidos sempre foram maioritários, as nomeações eram essencialmente divididas entre ambos. O sistema funcionava através de acordos (usava-se muito a ideia do acordo de cavalheiros) que garantiam a aprovação dos candidatos propostos. Nem sempre foi fácil e muitas vezes foi preciso repetir as votações. (…)
Esta descontinuidade não se compara com o que está prestes a acontecer agora. Ainda não sabemos em que condições será eleito o futuro Presidente do Parlamento nem que cedências será preciso fazer. O que sabemos é simples: acordos tripartidos para a escolha de representantes para órgãos externos relevantes são uma excepção e nunca houve um cenário com dois segundos partidos em empate técnico. Que peso caberá ao Chega e ao PS nesta equação em que o Bloco Central não basta?»
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