«Como povo, não estávamos imunes. Apenas dormentes, silenciosos e no armário, prestes a entrar no jogo de ajustes que os recalcamentos convocam já tarde, depois das horas macias em que fermentou o ódio que julgávamos impossível. A estupidez venceu, para já, o confronto. Perante a desinformação, o populismo fez o seu trabalho para cultivar o medo e o ressentimento e, nos últimos anos, Portugal tem escrito páginas inteiras sobre azedume e vinagre, depois de décadas em que se silenciou pela falta de boleia prestada aos pequenos demagogos.
Culpar o povo quando as elites não fizeram o seu trabalho, desprezando boa parte dos anseios de reconhecimento das pessoas nos seus representantes, baixando a expectativa ao ponto de ser indiferente a mentira ou a verosimilhança, é absurdo. As redes sociais ajudaram a criar o pântano, sobretudo a partir do momento em que o poder de quem as detém está ao serviço dos piores escroques. Mas factos são factos e os episódios sucedem-se, agora que não são só os muitos heróis virtuais do teclado a odiar do sofá e o sentimento de impunidade cresce nas ruas.»
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