31.7.25

De quem é o Carvalhal? É de vários grupos hoteleiros!

 


«Segundo o Expresso, várias praias do concelho de Grândola têm neste momento acesso condicionado. Entre Tróia e Melides, há muitas praias em que nem toda a gente pode entrar, fazendo de Grândola uma vila certamente menos morena, dado que já não se consegue estar sossegado ao sol no areal. Talvez haja uns retoques a dar à letra da canção do Zeca Afonso. “Em cada rosto igualdade” mantém-se, uma vez que toda a gente está igualmente impedida de ir ao areal. Só pode ir quem estiver alojado em certos empreendimentos turísticos, o que não parece ser o caso de muitos grandolenses. E deve ser possível continuar a encontrar em cada esquina um amigo, porque na praia — onde, aliás, não há esquinas — ninguém consegue entrar facilmente.

Devíamos ter desconfiado. Um membro da família Espírito Santo já tinha dito, há uns anos, que gostava de ir à Comporta para viver “em estado mais puro”. “É como brincar aos pobrezinhos”, acrescentou, celebremente. Como é evidente, quando se quer brincar aos pobrezinhos, a primeira regra é não deixar entrar pobrezinhos. Caso contrário, eles ganham sempre, e a brincadeira perde a graça. É como ir brincar aos futebolistazinhos com o plantel do Real Madrid. Nem sequer tocamos na bola.

Na verdade, a criação de praias privadas e exclusivas é uma medida de elementar justiça. A praia é um sítio em que estamos praticamente nus: um fato de banho, e é tudo. Ora, quando estão nuas, as pessoas parecem mesmo iguais, o que é lamentável. Não há um fato italiano a marcar a diferença, um automóvel de gama alta para ajudar a fazer distinções, um relógio de luxo a indicar um estatuto diferente. 
O ideal é encontrar um modo de garantir que os pelintras não podem entrar. Não faz muito sentido que quem tem casas melhores, carros melhores e roupa melhor não frequente uma praia melhor. Mesmo a circunstância de o sol brilhar para todos sempre me pareceu injusta. Pode ser que ainda se consiga fazer alguma coisa em relação a isso. Julgo que as reivindicações de igualdade feitas em nome de Grândola são perigosas. Recordo que Grândola, vila morena, é logo promovida a cidade no fim da primeira quadra. Precisaremos de mais provas de que os grandolenses são abusadores? Se lhes dermos acesso à praia não se sabe o que pode acontecer. Cuidado com isso.»


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