11.8.25

Os buracos no guarda-sol

 


«Um vendedor ambulante na praia apregoava guarda-sóis com a promessa de serem os mais robustos e protetores do mercado. Resistentes aos raios mais agressivos, garantiam sombra nos dias abrasadores e refúgio de frescura para toda a família, permanecendo firmes quando abanados pelas teimosas nortadas de agosto. Crédulos e esperançosos, fartos de ver os seus guarda-sóis a rolarem pelo areal e as respetivas lonas esventradas pelo vento ano após ano, não faltaram banhistas a querer adquirir a nova sensação de verão. Mas quando o sol começou a queimar com força, aperceberam-se de que o impenetrável tecido se revelava afinal esburacado, permitindo a passagem do calor e deixando as pessoas sem proteção, sobrando apenas o cabo do guarda-sol, firme na mão, mas inútil contra os escaldões.

Entre promessas de resguardo e a realidade que se infiltra pelos buracos, também o Governo parece estar a entregar às famílias um abrigo diferente do apregoado, oferecendo-lhes uma sombra furada por onde se infiltra a claridade da vida real. Nos discursos, a família tem sido apresentada como prioridade, mas as medidas recentemente anunciadas parecem esquecer que a família não é um conceito abstrato - é um conjunto de pessoas que precisam de condições concretas para viver com dignidade. E dignidade não se constrói com palavras, mas com políticas consistentes e firmes. Resistentes aos fenómenos extremos - os meteorológicos e os outros.»

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