«Bastava a qualquer candidato autárquico ou presidencial ficar durante uma manhã, tarde ou noite numa paragem de autocarro para saber exatamente o que é isto do "país real" e do que ele necessita. Nesse país, que está longe das praias da Comporta e do "triângulo dourado" do Algarve, estão as empregadas de limpeza a regressar de um dia de trabalho, os idosos que se deslocam para ir ao médico, os estudantes a caminho de mais um dia de escola e os inúmeros trabalhadores, de vários setores, que não podem ou não querem depender de um carro, todos os dias.
"Um país desenvolvido não é aquele onde os pobres têm carro, é aquele onde os ricos andam de transporte público". A frase pode ser encontrada em várias páginas da Internet dedicadas à mobilidade ativa e sustentável. A expressão foi usada por Enrique Peñalosa, antigo autarca da capital colombiana, Bogotá, numa TED Talk, em 2013. Mas, em quantos países podemos constatar que é uma realidade? Certamente, não o é em Portugal. (…)
Caros candidatos, está na hora de andarem de autocarro. Não por uma lógica castigadora para verem o que o povo sofre, mas para perceberem o que falha no "país real". O país onde sair 15 minutos mais tarde do trabalho significa chegar uma hora mais tarde a casa, porque os horários dos transportes são inflexíveis. Ou, no pior dos cenários, ser um cidadão que vive fora das áreas metropolitanas ou trabalha por turnos e não tem outra forma de se deslocar, sem ser de carro. É que isto de viver no "país real" não é fácil. Exige paciência e força nas pernas para esperar pelo autocarro.»
Na íntegra AQUI.

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