«…a minha bisavó materna, a minha avó e três irmãs, o meu avô, sua mãe e duas irmãs. O pai do meu avô foi morto à paulada por um grupo de estudantes polacos quando saía da sinagoga, em Varsóvia.
Quem não conseguiu fugir, foi enviado para os campos de concentração. Crianças, velhos, mulheres e homens. Família que me foi vedada.
Quem sobreviveu, para seguir em frente, abafou a dor. A minha bisavó materna tirou a peruca e disse: Deus Não Existe.
NUNCA MAIS, ouvi desde criança. NUNCA MAIS, orientou a minha vida. NUNCA MAIS, é o farol do qual não abdico.
No dia 7 de Outubro de 2023, tremi. Benditos mãe e pai que já não estavam cá para viver esse novo horror. Dois anos antes a minha mãe assistia às notícias sobre a Palestina e colocava as mãos na cabeça: não foi por isto que lutei toda a minha vida.
Com o 7 de Outubro, GAZA cresceu de dor. Nunca ousei, por respeito às vítimas, colocar na balança uns e outros mortos. É imperativo que se reconheça o terror de ambos.
GAZA continuou a crescer de dor enquanto Israel enlameava os nossos mortos.
NUNCA MAIS, voltou a ser um grito desesperado.
HOJE, dia 7 de Outubro de 2025, as famílias de Israel continuam a sofrer. HOJE, dia 7 de Outubro de 2025, os palestinos continuam a morrer e os que sobrevivem acumulam sofrimento.
Perguntei-me, desde que me conheço capaz de pensar, como foi possível o mundo só acordar depois de um povo ter sido praticamente dizimado. Hoje entendo. O mundo está a fazer o mesmo com os palestinos.
O assunto, senhores, é este: GAZA e o GENOCÍDIO.
De cada vez que vejo a direita detonar contra os integrantes da flotilha, VOMITO.
Ontem, a desilusão: sobre a flotilha, Luis Carneiro não teve mais nada a acrescentar senão ter-se congratulado pelos portugueses terem chegados sãos e salvos. Sobre GAZA, NADA.
Nas autárquicas o assunto também continua a ser GAZA porque GAZA fala do que somos enquanto espécie.
O assunto é GAZA e quem ainda não entendeu isso que vá para o inferno.»
Ethel Feldman no Facebook

0 comments:
Enviar um comentário