«As alegrias nas nossas vidas podem nem sempre estar ligadas a grandes conquistas, nossas ou de quem nos é querido, a paixões assolapadas, aos golos da nossa equipa ou, sejamos honestos, aos golos sofridos pelos nossos adversários, mesmo face a clubes que não o nosso. Podemos exultar com sucessos profissionais, deleitar-nos com uma peça musical, maravilhar-nos com uma deslumbrante paisagem, mas também é natural que coisas prosaicas nos encham de júbilo. Neste momento, estou feliz por, ao cabo de quatro dias, já tirar pleno partido da máquina de lavar e secar roupa que me vi forçado a adquirir, por via do falecimento da sua esforçada antecessora, essa apenas lavadeira. (…)
Ora, vejamos onde nos coloca a transição de 2025 para 2026. Estamos exatamente entre o festival de insanidade do presidente dos Estados Unidos, que não é preocupante apenas para os cidadãos daquele país, e a reta final para eleger um novo presidente da República Portuguesa, que só aos portugueses poderá interessar. É nesse contexto que, embora despido dos poderes mediúnicos de Zandinga e sem força para mudar o Mundo, deixo o meu singelo contributo de resoluções para o Ano Novo, baseadas na experiência enunciada a abrir esta crónica. Usar a máquina de lavar, comprovadamente eficaz, não na sociedade em geral, que se quer diversa e participada, mas entre os atores políticos, levando na enxurrada das águas residuais toda a retórica fascizante e alimentadora de ódios que nos impede de viver numa terra feliz. E dar uso ao corta-unhas, aparando as garras dos gatinhos remelentos que se fazem passar por leões da lusitanidade.»
Texto na íntegra AQUI.
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