25.3.12

O copiógrafo



A memória também é feita de objectos. Na exposição ontem inaugurada na Reitoria da Universidade Clássica de Lisboa, no quadro das comemorações do Dia do Estudante em 1962, está esta máquina – um copiógrafo a stencil – que foi um instrumento precioso ao serviço da liberdade de informação durante a Crise Académica. 

As Associações de Estudantes tinham montado uma estrutura que assegurava a publicação praticamente diária de comunicados, tarjetas e panfletos e que organizava a respectiva distribuição. Esta garantia que os materiais chegassem a todas as faculdades praticamente à mesma hora. 

Imprimir durante a noite, quase sempre em locais diferentes, exigia um árduo trabalho, pois muitos copiógrafos eram manuais – noites inteiras a dar à manivela! A «produção» era depois reunida pelas equipas de distribuição, através de um código que identificava o local de recolha: fazia-se uma chamada a partir de uma cabine telefónica para um determinado número e recebia-se uma resposta em que era dito que se ligasse para um outro número, fictício. Eram os dois últimos algarismos deste, que identificavam o tal local de recolha. 

A PIDE nunca conseguiu descobrir este esquema de funcionamento, que durou meses. 

(Adaptação de um texto publicado num jornal editado para assinalar o 50º aniversário.) 
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