12.12.07

MalTratado


Para a imagem dos actuais líderes europeus, começa agora um jogo de «perde-perde»:

- Se não convocarem referendos, serão acusados de desrespeitar compromissos anteriores – invocando diferenças entre documentos, que não passam de maquilhagens grosseiras e apressadas.
- Se convocarem, apresentarão aos seus cidadãos um texto inenarrável, cifrado, quase ilegível, impróprio para ser referendado – e correm ainda o risco de o ver rejeitado.

Assim o quiseram.


Terá Portugal o seu referendo?

Parece que Cavaco não quer. Tendo a acreditar.

Não se sabe o que Sócrates pensa, mas tenho para mim que é capaz de achar que lhe dava jeito:
- Porque nos mantinha entretidos durante umas semanas.
- Porque teria certamente consigo, na campanha pelo Sim, Paulo Portas, Luís Filipe Menezes, Santana Lopes e quase toda a comunicação social.
- Porque deve pensar que o PC, o BE, alguns opinion makers e muitos irrequietos da blogosfera não chegariam para estragar a festa, mesmo que defendessem o Não.

Poderia imaginar-se, de passadeira em passadeira, até à vitória final – porque a abstenção ganharia mas o Sim também.

Ou talvez não...

9 comments:

F. Penim Redondo disse...

Penso que o povo será mais sensível às novas exigências "europeias" que se preparam para destruir a diversidade gastronómica em Portugal, como explico no dotecome, do que ao tratado.

Neste momento qualquer votação sobre o tratado podia esbarrar com a resistência popular contra a paranóia regulamentadora que quer agora atacar os nossos antigos costumes alimentares e a espantosa riqueza cultural que eles representam.
Até eu me mobilizaria para o não ao tratado.

Joana Lopes disse...

E daí? Com referendo ou não (em Portugal), eu continuo convencida de que é praticamente inviável que não apareça pelo menos 1 que trave o Tratado - unanimidade a 27 é uma história da carochinha. E, também por isso, acho que é altura de, com o pretexto de discutir o dito Tratado, (tentar) travar esta fúria burocrática e inútil (na gastronomia e não só).

JOSÉ LUIZ FERREIRA disse...

Eu quero que haja referendo, mesmo sabendo que a linguagem cifrada em que o tratado está escrito só pode ter por objectivo fazer com que passem disposições com as quais os eleitores nunca estariam de acordo.

Se e quando me apresentarem um projecto de tratado, ou até de constituição, escrito numa linguagem clara, transparente, legível, honesta, racional (como por exemplo a Constituição Americana) - então eu, se concordar, voto sim. Até lá, e na dúvida, é claro que voto não.

Joana Lopes disse...

José Luís, estou consigo.

Ana Cristina Leonardo disse...

Independentemente de nos pormos a adivinhar a posição de Sócrates, o referendo devia ser exigido pelos portugueses. E esta mania do Império Europeu, na minha modesta opinião, ainda vai acabar mal. Quando o que se ganha em "subsídios" e proteccionismos perder para o que se perde em liberdades individuais e autonomia dos Estados, os nacionalismos vão regressar como sempre aconteceu ao longo da história. Além de que pensar que a Europa será capaz de, com esta uniformidade, enfrentar os chineses é um conto da carochinha. Veja-se o que já está a acontecer em África. E também por isso, a cobertura da cimeira UE-África feita pelos meios de comunicação portugueses foi uma vergonha: Sócrates tem olho no meio de cegos!

Anónimo disse...

Eu quero votar , se houver alguma coisa que não perceba bem , pergunto , se for mal esclarecido, voto não evidentemente .... Passarem por cima de todos os portugueses com os seus sapatos, e tomarem-se como os que sabem o que fazem, e escrevem , o que só eles podem entender, é uma grande passagem de atestado de atraso mental aos portugueses. Creio que os portuguesses andam a dormir na forma , ou andam a analgésicos com tantas dores de cabeça ... Votar já ouço é um perigo... Imaginem o que passou...

Anónimo disse...

Não estou de acordo com a regulamentação dos nossos costumes alimentares... Se alguns, poderiam ser regulamentados, outros são verdadeiros atentados, todos sabemos de croquetes, e rabanetes ...
Vigiem de perto e Direcção Geral de segurança alimentar, ou lá o que é não ande a brincar ás operações surpresa, só mesmo os portugueses.
Quanto á comida os portugueses, se abrirem a boca , já comeram ou engoliram . Assinei uma petição cheio de raiva, a boca é para falar, e não só para comer...
Acham que os portugueses vão abrir a boca , só se for para comer ..., e alguns nem têm , mas mesmo assim bico calado....

Anónimo disse...

Um referendo sobre o Tratado vai ser mais um peixeirada desprestigiante.
Depois de aturar os dislates, sem perceber patavina,o povo (35% ?) lá irá votar naquilo que alguns políticos e analistas disserem que é bom.
Se o voto for NÂO teremos ainda mais confusão, vai sobrar para nós.
Se houver aprovação do Tratado no referendo isso constituirá uma desculpabilização de quem concebeu e tricotou o Tratado.

Quando as coisas derem para o torto ouviremos: Quem ? eu ? quem decidiu foi o povo.

Anónimo disse...

Caro anónimo, se puser as coisas nesses termos , pois então teremos isso que você chama peixarada, e que venha ,pois então, já que já temos uns quantos anos de «dita« democracia participada!!! e não andamos propriamente de cueirinhos, não acha? Fala em desprestigiante mas houve alguma de prestigiante numa cimeira como aquela ? Se houve , nem vale apena falar, porque isso do desprestígio, faz-se logo. Como não aprecio o marquetingue político , sei ler jornais, e ouvir notícias, o povo deixo-o consigo, porque há mais de trinta anos sei que isso, é uma figura mítica ?
Acho que há interesses diversos em jogo e uns dirão sim ou não, conforme os seus interesses ou a sua consciência ou manipulação dela?
Quero dizer sim ou não, sabendo que estou a exercer um direito que me é conferido por não viver numa ditadura, embora este governo , seja isso mesmo uma fachada salazarote. Nem pense que Sócrates ou a quem ele se opôe , tem solidez política? a história nos dirá? são os os políticos rapazote , e aquilo parece bem , quando se tem 17 ou 18 anos de idade , não de democracia !!!
Se perguntar, só temos isto ?
Respondo só.