26.5.08

Crenças e fezadas













Num recente almoço de amigos, Francisco Fanhais disse a alguém que explicava, com argumentos perfeitamente absurdos, por que razões tinha «perdido a fé» e depois a reencontrara: «Cuidado porque isso não é fé, é fezada». Eu diria o mesmo a João César das Neves, se o conhecesse.

Sob o título «A fragilidade de uma crença», lêem-se, no DN de hoje, afirmações inacreditáveis sobre fé, agnosticismo e ateísmo.

Cito algumas, quase ao acaso, tantas são as que poderia escolher:

«Ignorar a possibilidade de Deus é como desinteressar-se da existência do pai, benfeitor ou patrão, senhorio ou polícia. E se Ele aparece? (...)

A resposta ateia tem de ser que o acaso de milhões de anos conduziu de uma explosão ao sorriso da minha filha. (...)

Como podem meros atómos de carbono, aglomerados em aminoácidos e evoluindo pela selecção natural, gritar que salário digno é valor universal?»

Comentários para quê. Há quem se divirta fazendo troça de João César das Neves. Não é o meu caso porque não lhe acho a mínima graça.

Alguns leitores deste blogue lamentam que eu critique tantas vezes o Vaticano e o papa e sugerem-me que fale de cristianismo. Espero que me concedam que este senhor, ao escrever tais barbaridades sobre fé ou ausência dela, ofende bem mais os cristãos do que aqueles que, como eu, se consideram ateus mas procuram não perder um mínimo de racionalidade - e de respeito pela inteligência dos outros, já agora.

2 comments:

maria disse...

uma tristeza pegada. Do Deus dele sou ateia de certeza.

Joana Lopes disse...

Acredito que sim...