11.5.08

Do sexo como droga















Que este ano se celebram vários quadragésimos aniversários, já demos por isso e de que maneira. Agora que alguém se lembre de festejar o da famigerada encíclica Humanae Vitae (ela também de 1968) que condenou todos os meios contraceptivos, isso é que só pode lembrar ao diabo, infiltrado algures no Vaticano, ao que parece na Pontifícia Universidade Lateranense (*).

Em vez de a deixar discretamente em vigor mas sem alaridos, Ratzinger vem reavivar feridas e insurgir-se agora contra a gestação artificial, «técnica mecânica» que não pode substituir o acto de amor que «o esposo e a esposa partilham como sinal de um mistério maior», nem «invalidar a qualidade do amor e da sacralidade da vida».

Pior: diz que é necessário defender «a dignidade da pessoa» quando «o exercício da sexualidade se transforma numa droga que quer subjugar o casal aos seus próprios desejos e interesses, sem respeitar os tempos da pessoa amada». Leram bem: droga. Não se sabe se leve se dura, se cria dependência ou apenas alucinações.

Em 2008 como há quarenta anos, o reino do mais primário obscurantismo e da mais obsoleta intolerância. Até que cada vez mais católicos se fartem de ser humilhados e as igrejas se transformem todas, a pouco e pouco, em excelentes museus e belíssimas bibliotecas.

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(*) Notícia um pouco por todo o lado, por exemplo aqui.

4 comments:

MFerrer disse...

Permito-me citar Torga, algures entre as folhas do seu "Diário":
"Para ir para o Céu em tais companhias , mais vale a gente perder-se !"
MFerrer

Joana Lopes disse...

Percamo-nos, então...

Ana Cristina Leonardo disse...

droga, loucura, morte vertido para
droga, loucura, sexo

Joana Lopes disse...

Um gãozino de loucura daria jeito.