A Comissão Europeia estima que tem, no seu território, oito milhões de imigrantes ilegais e procura que a expulsão dos mesmos seja agora facilitada pela aplicação de uma directiva que os vinte e sete se preparam para aprovar.
Entram na Europa cerca de dois milhões de imigrantes por ano, dos quais entre quinhentos mil e um milhão o fazem de forma irregular.
Segundo a nova directiva, especialmente impulsionada por Sarkozy e por Berlusconi, até que se resolva todo o processo de regresso aos países de origem, os ilegais podem estar detidos até um máximo de seis meses (ou dezoito, em casos especiais) e, uma vez expulsos, não podem regressar à Europa durante os cinco anos seguintes.
Se parece indiscutível que há que pôr ordem na emigração clandestina, e sem sequer entrar na discussão específica sobre a bondade ou os defeitos desta nova directiva, é impressionante que OITO MILHÕES DE PESSOAS que conseguiram entrar na Europa, muitas vezes com enormes riscos e sacrifícios de toda a ordem, sejam forçadas a regressar ao ponto de partida, sabe-se lá em que condições, e para que condições. Não é fácil imaginar o sofrimento que está em jogo.
Que civilização é esta – a nossa, a europeia – que se sente obrigada a pôr trancas nas suas portas para que só cá fiquem e entrem alguns? Que terras são as outras, as deles, onde não é possível viver e morrer com um mínimo de dignidade? Quem é que, a nível global, trata deste drama?
Com as recentes notícias sobre a crise dos preços dos produtos alimentares, tudo leva a crer que a situação tenda a agravar-se.
Seria tudo isto absolutamente previsível? Talvez. Mas não era, certamente, inevitável. Algo está a falhar – garantidamente.
Fonte sobre a directiva: El Pais.
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4 comments:
Este deve ser o maior exército de mão -de-obra de reserva da História. Usou-se, e agora vai deitar-se fora. São descartáveis.
A ser verdade, e a ser levada a cabo, coisa que não quero crer, sria a maior migração forçada da história da humanidade. Bicho perigoso, digo eu !
Mas o outro lado da questão, o lado do economês, diz-nos que tal facto, a ter lugar, provocaria um verdadeiro desastre alimentar na Europa. Estes populistas não se enxergam! Quem é que depois limparia o lixo das cidades da Europa? Quem é que apnharia a fruta em Almeria e mondaria os campos em Itália? Quem é que desceria às minas do Ruhr e da França? Quem é que contruiria as grandes obras públicas? Os europeus, velhinhos?
MFerrer
http://homem-ao-mar.blogspot.com
Tem razão, seria/será (?) uma enorme migração - silenciosa e sofredora.
Ainda só ouvi uma pessoa apontar o verdadeiro problema, foi o Dalai Lama, que quando lhe pediram opinião sobre o assunto, referiu a explosão demográfica incontrolável. As espécies do planeta, enquanto umas se vão extinguindo e outras lá se vão equilibrando, a nossa cresce desmesurada. E é natural que quem tem fome procure comida, o que não é natural são as fronteiras. E agora?
Exactamente: e agora? Deixei um comentário ao seu «post», no seu blogue. Acresento aqui: isto tudo é demasiado complexo e grave para ser deixado «ao deus dará», ao sabor dos interesses particulares de grupos - neste caso, dos estados europeus.
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