15.5.08

A vingança serve-se fria















A Ana Matos Pires mandou-me uma entrevista que Gentil Martins deu ao Jornal de Leiria de 17 de Abril de 2008.

Sim, é o mesmo que, durante a campanha a favor da IVG, em 2007, nos fez a vida negra com as barbaridades que espalhou, em descabeladas defesas da vida, e que anda por aí a separar tudo o que é siamês. Que se diz democrata cristão, que é contra o uso obrigatório de cadeirinhas para crianças nos automóveis porque impede os casais de terem mais do que dois filhos (se houver muitos, que mal há em que morram alguns, é isso?!!!! faltam-me pontos de exclamação) e que faz afirmações categóricas sobre homossexuais e transsexuais.

Para ele, a homossexualidade «é anti-natural. A natureza humana é feita para se reproduzir como qualquer espécie animal». Racionalidade à parte, digo eu.

Interrogado sobre o facto de um transsexual estar grávido: «Há doidos em todo o mundo. Discordo da transsexualidade. Não me venham dizer que o cérebro é diferente, pois ninguém provou que seja. Há todo o género de aberrações na natureza humana. A transexualidade é um disparate (...). Pessoalmente, sugeriria o apoio do psiquiatra.»

Quando leio coisas destas, tenho sentimentos terríveis. Chego a lamentar que o Otelo não tenha mesmo metido uns tantos no Campo Pequeno. No mínimo, desejo que o Dr. Gentil Martins tenha dez netos homossexuais e uma meia dúzia de bisnetos filhos de transsexuais. Depois conversamos.

17 comments:

Anónimo disse...

Quando oiço estes defensores das "essencialidades", imagino-os logo - nuzinhos, barbados e grunhentos - a habitar um putativo "estado de natureza". Aquele do Hobbes, claro...

maria disse...

:)

Joana Lopes disse...

Ui, Miguel, nem quero imaginá-los assim!...

F. Penim Redondo disse...

Cuidado cara Joana, o radicalismo das respostas não corrije os erros, pode até ampliá-los.

Não é razoável responder às certezas absolutas do Gentil Martins, com outras de sinal contrário por mais bem intencionadas que sejam.

Ser fuzilado no Campo Pequeno por ter dito umas burrices ?
Daqui a bocado vais-te arrepender de ter dito isto.

É desta Joana que eu gosto menos.
Ainda bem que há a outra...

Joana Lopes disse...

Não me vou arrepender de nada, não senhor.

O radicalismo da linguagem nunca matou ninguém e usei a referência ao C. Pequeno porque é um símbolo que toda a gente percebe. E há situações em que não sou capaz de deixar de ser radical - nem quero.

Quanto a «corrigir os erros» do G. Martins, é pretensão que não tenho. «As certezas de sinal contrário» que aqui estão em causa, essas sim, tenho-as sem hesitação e não é um probema de «boas intenções».

Luís Bonifácio disse...

Claro que o Campo Pequeno é um simbolo que toda a gente percebe.´

Percebemos que você não admite opiniões diferentes da sua e, por outro lado, não possui a capacidade intelectual de argumentar e defender as suas posições, mesmo com opiniões de Gentil Martins que, na minha óptica, nunca na sua vida primou pela inteligência.

Faço minhas as palavras do Francisco Penim Redondo, mas como sou daqueles que gostaria de ver no Campo Pequeno com Otelo a dirigir a corrida, vou ser um pouco mais duro.

Este seu postal, faz-me lembrar um "Puto", que ao ser ofendido, reage aos palavrões. Pode ter toda a razão, e você têm-na, mas perdeu-a toda no último parágrafo.

Ah. Se me quiser encerrar no Campo Pequeno, aconselho-a a fazê-lo às Quintas, pois encontra-me lá. Assim poupa a maçada de ,me ir buscar a casa.

Joana Lopes disse...

Não vejo qualquer razão pela qual poderia querer vê-lo no C. Pequeno (no sentido absolutamente simbólico que já expliquei anteriormente), sinceramente nem percebo do que está a falar.

Luís Bonifácio disse...

Há certos símbolos que não convém usar. Nem a brincar!

Cláudia [ACV] disse...

Lamento bastante este post, Joana. Lamento-o, claro, no que respeita à referência ao Campo Pequeno (o resto é diatribe contra diatribe); é que "toda a gente percebe", também, que a radicalidade evocada na imagem dessa arena, por essa personalidade, se estendeu para fora da mera linguagem. Fez mortos e feridos civis em tempo democrático.

Joana Lopes disse...

Obrigada pelo comentário, Ana Cláudia.

Nunca pensei que esta alusão ao Otelo e ao C. Pequeno provocasse tanta controvérsia. Sabe o que estive para pôr? Qualquer coisa como «às vezes até lamento que não haja censura para coisas destas não serem publicadas». Eu que tanto a abominei e que era a última coisa que desejava que existisse! Como, evidentemente, nunca desejei que alguém fosse fuzilado no C. Pequeno...

Há coisas que ferem muito a sensibilidade de certas pessoas - o que entendo perfeitamente - e que excedem, de longe, as intenções de quem as escreve. Foi o caso.

Como, a mim, me exasperam sempre posições como as de Gentil Martins.

Volte sempre e um abraço.

Anónimo disse...

Ah, como eu a percebo Joana, às vezes “passamos-se”, como dizem os alentejanos, há coisas que nos tiram do sério e ainda bem, deixemo-nos cá de pseudo tolerâncias.

Esta história da Joana ter usado um “dito-choque” fez-me lembrar um episódio que não resisto a contar – a verdade é que foi uma associação livre e o inconsciente tem destas coisas. Certo dia uma amiga minha, colega no curso medicina, teve uma discussão com um polícia que a multou injustamente. No final da ternurenta troca de mimos, antes de arrancar de carro, vira-se para o senhor e diz-lhe “Olhe, senhor polícia, isto chama-se estupidez, maldade e abuso de poder… só espero, por si, nunca o apanhar na urgência com uma crise de “almorróidas”, juro-lhe que depois de o tratar sempre lhe darei um pontinho a mais no esfincterzito anal, irá lembrar-se de mim sempre que for esvaziar a tripa.”.

Joana Lopes disse...

Bom dia, Ana.

O meu marido, que era cardiologista no IPO, teve uma história quase igual com um policia. Com a diferença que fez a «ameaça» antes de a multa ser passada e recebeu como resposta: «Ai, sr.dr., vá-se lá embora que isto ainda me dá azar!».

Na blogosfera, parece que também há coisas que «dão azar» - que o diga a C. de Coment. do 5 Dias...

Anónimo disse...

Pois eu também penso assim. Sim senhor. Os bons princípios democráticos são muito bonitos. Respeito para com a opinião do outro. Tolerância. Nada de violências.

Mas ... como errar é próprio do homem ... cá por mim procuro gerir da melhor maneira o saldo de "erro democrático" a que tenho direito. Por exemplo, sempre achei muito bem dado aquele chapadão que o Marocas apanhou, aqui há uns anos, na Marinha Grande. E aqule directo aplicado pelo João Pinto ao árbitro, que viu a falta ao contrário !?

Bom ... mas não me alongo mais em palavras, para não esgotar o saldo. Porque andam por aí uns rapazes mesmo a pedí-las ... ai andam, andam ...

nelson anjos

Joana Lopes disse...

Olá Nelson, há uns tempos que não aparecia.
É assim: embora a C. de Comentários este blogue seja normalmente bastante pacata, de vez em quando salta uma fagulha e pega fogo.

É a vida...

Cláudia [ACV] disse...

Joana,
voltarei, pois. Para já, para desejar bom fim de semana

abraço,

Joana Lopes disse...

Bom fim de semana também para si, Ana Cláudia.

Continuemos a encontrarmo-nos por aqui ou em 4 outros caminhos (por onde passo sempre que se abrem, mesmo que não deixe rasto).

bookworm disse...

compreendo perfeitamente, joana. personagens destas também despertam em mim os meus piores instintos.