«Agitou-se o Parlamento em torno da libertação de Ingrid Betancourt e demais companheiros de fortuna. Apesar das reservas verbais do Bloco e do voto bífido de Os Verdes, o certo é que o PCP se deixou isolar no voto contra. Mas o pior embaraço – a exigir uma boa explicação aos seus fiéis – foi-lhe criado por Fidel, que escolheu ser claro na condenação do sequestro e do cativeiro no mato, afirmando não haver fins que justifiquem tais meios. O desvario humanista grassa silencioso e soturno, como o caruncho: só dão por ele quando a cadeira desaba. Deixou de ser um exclusivo dos grandes pusilânimes, como hungarinhos, eurocomunistas e apóstatas da queda do muro.»
Nuno Brederode Santos, hoje no DN.
Nuno Brederode Santos, hoje no DN.
7 comments:
Condeno, sem reservas, incondicionalmente, o sequestro de inocentes.
Para que fique claro.
Espero que aqueles que agora tão militantemente condenam o PCP não estejam, sem se aperceber, a adoptar uma atitude do mesmo tipo, ou seja, a arrogância de quem possui uma verdade inquestionável.
Aquilo que eu sinto como autor de alguns comentários dando conta das incongruências no caso Ingrid é que as dúvidas são anatemizadas, imediatamente rotuladas e consideradas sintoma dos mais sinistros desígnios.
Isso preocupa-me, é um mau sintoma…
Também espero que esta condenação do PCP se baseie em princípios e não em meros cálculos eleitorais.
Ao meu post anterior, relativo ao caso de Ingrid Betancourt, acrescentei as declarações de Fidel de Castro sobre a sua libertação, que estão inseridas num artigo mais longo, que também cito, sobre outras temáticas. Concordo plenamente com a sua opinião.
Ver http://trix-nitrix.blogspot.com/2008/07/o-caso-de-ingrid-betancourt.html
Deculpa lá Fernando, mas vais ser a vítima mais à mão da minha fúria (e de muito boa gente na blogosfera, nos últimos dias) contra o «copy/paste» de textos espalhados por Caixas de Comentários - prática que usas desde há algum tempo e da qual militantes do PC estão a usar e abusar a propósito de IB.
Até porque - e sobretudo porque - é difícil acertares nos alvos adequados. Por exemplo, quanto a este teu último parágrafo:
«Também espero que esta condenação do PCP se baseie em princípios e não em meros cálculos eleitorais.»
É para mim? Para o Nuno Brederode? Podes especificar de que cálculos eleitorais, meus ou do Nuno, tens receio?
Irei ler, Jorge.
Faço notar que, neste caso, me limitei a transcrever um texto de NBS - com o qual concordo, obviamente, ou não o teria posto sem qualquer comentário.
Joana,
como sabes não tenho, já há alguns anos, "filiação partidária" e portanto as minhas opiniões não têm qualquer intuito capcioso ou enquadramento. Como também penso que sabes desenvolvi, pela experiência vivida, horror aos exageros do fanatismo e das unanimidades bem-pensantes.
Qualquer pessoa tem razões para considerar este caso da libertação da Ingrid um pouco estranho, não percebo porque tem que ser imediatamente atacada por isso. A própria violência da reacção tem qualquer coisa de anormal. O que tem este caso, como tantos outros, de libertação de sequestrados de tão especial ?
O que me incomoda neste momento é a sensação de estar a reviver, com outros personagens, os erros do PCP. Uma verdade revelada que tudo explica e que transforma os que não a adoptam em seres detestáveis.
Agora vens com o anátema do "copy/paste", para mim incompreensível. Fiz o mesmo comentário no teu blog e no "Terceira Noite", e então ? Isso agora também é crime ?
Se queria dizer a mesma coisa devia reescrever o texto ? Escapa-me a razão desta embirração.
Se é verdade que parece estar em curso uma acção concertada por parte do pessoal do PCP, com a qual eu estou involuntariamente a ser misturado, também é verdade que todo o cão e gato desatou a falar em nome de "santa Ingrid" sentindo-se no direito de crucificar os incréus.
Acho a reacção contra o PCP bastante exagerada e por isso dá-me a impressão de que tem que haver alguma razão oculta para o facto. Parece um pretexto aproveitado para cavar divisões à esquerda.
Já quando da famosa sessão/comício do Trindade me pareceu que tinha havido uma deliberada marginalização do PCP. Haverá alguma relação entre esta campanha e os objectivos do BE e do Alegre ?
Claro que não faz sentido pessoalizar estas questões e evidentemente que não está em causa nem a tua pessoa nem o NBS, a questão é muito mais geral.
Repito: não milito no PCP há vários anos e ninguém me encomendou qualquer sermão, nem serei a pessoa mais indicada para defender o PCP cuja linha actual tanto tenho criticado.
Para finalizar: tu já uma vez aqui me elogiaste dizendo que, mesmo nas fases mas conturbadas da minha militâcia no PCP, tinha sempre sido possível falar comigo.
Eu, neste momento, não me sinto tratado com tolerância equivalente.
Como não mudei de ideias quanto do esquerdismo irresponsável, cujos malefícios tão bem conheço, só tenho duas hipóteses: ou me calo ou incomodo.
Se entenderes que que estou a incomodar demais...diz. A casa é tua.
Fernando,
1- Ainda não leste nem uma linha escrita por mim «santificando» a IB ou sequer elogiando o processo da sua libertação. Mais: estou convencida de que há muitas coisas por esclarecer, que virão ou não à luz do dia nos próximos tempos.
2- Ainda não vislumbrei, neste caso, nenhum projecto escondido de «um pretexto aproveitado para cavar divisões à esquerda», entenda-se para isolar o PC – ele é que se isolou, por exemplo na AR. E onde é que já vai «a esquerda unida»...
3- Quanto a calares-te ou não: era o que faltava! Eu sabia lá viver sem estas moengas! Mais a sério: sabes que és sempre bem-vindo.
4- Finalmente quanto ao «copy/paste». Importância mais do que secundária, não tivesse coincidido com a vaga dos últimos dias. (Num mesmo «post», tive dois «lençóis», de PC’s, que nunca mais acabavam). Por outro lado, já vi, em Caixas de Comentários de outros blogues, «copy/pastes», feitos por ti, de «posts» inteiros do Dotecome. Como é uma prática que está nos antípodas do que penso sobre a função de comentários – para mim, sempre personalizadamente relacionados com o texto a que se referem e, também e sempre que possível, curtos e directos, reagi mal e, concedo-o, com exagero.
Continuemos, pois.
A minha insistência naquilo que acrescentei ao meu post tem a ver unicamente com a citação do Fidel, que eu achei que devia ser fornecida no original, porque há versões reduzidas da mesma, e porque, de certo modo, correspondia àquilo que penso. Nada tem a ver com o texto do Nuno. Foi só uma ajuda aos interessados.
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