Este post mais parece escrito por Pacheco Pereira mas paciência.
O jornal da 20:00 de ontem da RTP1 levou 27-minutos-27 a mostrar-nos o frio em Portugal. Tenho pena de não ter anotado quantos repórteres, por esse país fora, fizeram as mesmas perguntas a dezenas e dezenas de pessoas. Ou de não ter decorado, com todo o pormenor, a identificação das estradas onde era difícil circular. Às 0:00, na Sic N, o panorama não foi muito diferente.
Absolutamente patético. Quando o mundo está como está e acontecem coisas vagamente importantes ali para os lados de Gaza e de Israel, tudo isso passou para segundo ou para terceiro plano – mas ficámos sem quaisquer dúvidas quanto às previsões das temperaturas para Carrazeda de Ansiães.
P.S. - Por outras e muito melhores palavras:
«Volta o pivot, para, enfim, sabermos do parlamento, ou da crise na Europa, ou da empresa em dificuldade, ou do martirológio de Gaza, ou da vaga de fundo de Soares Franco. Mas não: “vamos agora ligar a Fulana, que se encontra em Lugar de Mourejos”. (...) A quase meia hora que lá vai, somada à certeza de que ainda faltam estradas bloqueadas, limpa-neves e gente simpática que visita idosos, parece-nos - e é – mais longa do que qualquer cerco de Lisboa. As pálpebras descem devagar, como, no último mastro, a bandeira do vencido. A cidadania escoa-se num negrume consentido (e, afinal, libertador).»
O jornal da 20:00 de ontem da RTP1 levou 27-minutos-27 a mostrar-nos o frio em Portugal. Tenho pena de não ter anotado quantos repórteres, por esse país fora, fizeram as mesmas perguntas a dezenas e dezenas de pessoas. Ou de não ter decorado, com todo o pormenor, a identificação das estradas onde era difícil circular. Às 0:00, na Sic N, o panorama não foi muito diferente.
Absolutamente patético. Quando o mundo está como está e acontecem coisas vagamente importantes ali para os lados de Gaza e de Israel, tudo isso passou para segundo ou para terceiro plano – mas ficámos sem quaisquer dúvidas quanto às previsões das temperaturas para Carrazeda de Ansiães.
P.S. - Por outras e muito melhores palavras:
«Volta o pivot, para, enfim, sabermos do parlamento, ou da crise na Europa, ou da empresa em dificuldade, ou do martirológio de Gaza, ou da vaga de fundo de Soares Franco. Mas não: “vamos agora ligar a Fulana, que se encontra em Lugar de Mourejos”. (...) A quase meia hora que lá vai, somada à certeza de que ainda faltam estradas bloqueadas, limpa-neves e gente simpática que visita idosos, parece-nos - e é – mais longa do que qualquer cerco de Lisboa. As pálpebras descem devagar, como, no último mastro, a bandeira do vencido. A cidadania escoa-se num negrume consentido (e, afinal, libertador).»
5 comments:
eu ontem até vi televisão, infelizmente. para além da neve houve o caso esmeralda e o super psicólogo Eduardo Sá armado em Salomão.
O país tem esta tendência para a histeria da novidade. Ele é a neve, os golfinhos, os aviões, as fadas.
Talvez seguindo até uma tradição sebastianista parece que estamos sempre a viver no conto de fadas, no idílico e nunca no real. E quando aparecem estes cenários que apenas conhecemos dos filmes é um alvoroço, deixa de se dar atenção ao que realmente é importante.
(ufff, acho que consegui! Vou confirmar para ver se cumpri as instruções)
Cumprimentos, minha cara!
Obrigada pelo comentário.
O seu post sobre estas instruções não caiu em saco roto: novidades, o mais tardar amanhã.
Absolutamente patético, na verdade. Depois da vaga de gripe, a vaga de frio. A vaga de assaltos só volta em Agosto.
Talvez com os incêndios, Pedro.
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