Se há algo que me torça o sistema nervoso, desde sempre, é esta história de doutoramentos «honoris causa». Sei que vem de longe, da Idade Média, mas nós por cá já temos as medalhas do 10 de Junho, que cumprem com vantagem a mesma função. Apetece-me dizer que trabalho é trabalho e conhaque é outra coisa, talvez porque ainda tenho pesadelos recorrentes com a minha tese de doutoramento, que tanto me fez penar.
Ora li hoje, um pouco por toda a parte, que a faculdade que «induca» os nossos desportistas vai consagrar José Mourinho para (sua) honra, por causa da honra ou por honra da causa – tanto faz. Precipitei-me para um título que anunciava contestação por parte de alguns docentes da faculdade em questão e o que leio? Para além de objecções puramente processuais, uns acham que ele é demasiado novo para o título, outros que passou indevidamente à frente de Carlos Queirós (oz), Jesualdo Ferreira e Nelo Vingada. No comments.
A cerimónia será na próxima 2ª feira, durará todo o dia (!...), o nosso PR estará presente (para honra da pátria, no seu caso), Mourinho já chegou a Lisboa para se preparar (?...). E a drª Fátima, futeboleira como é, escusa de procurar outro tema para os P&C dessa noite...
6 comments:
o próximo vai ser o cristiano ronaldo e antes de fazer 30
Estive para dizer algo de parecido...
Bem, há dias li algo sobre um mestrado em campos de golfe e ouvi falar de outro em desenho de jóias. Parece-me lógico, embora a si talvez não: é o que está no outro extremo das magalhãesadas na escola primária.
JMG, julgo que estamos a falar de planos diferentes. Aquilo de que não gosto é destes títulos académicos sem qualquer base curricular. (O que não quer dizer que não condene essas invenções facilitistas de novas licenciaturas, mestrados, etc.)
Deus, Pátria, Família não se discutiam e eram os mais alçados valores. Nem uma dúvida... que eles nos ditavam a vida. Havia, no entanto e nesse tempo, uns espíritos perversos e subversivos que olhavam de esguelha para uma tríade que era quase conforme a aqueles sublimes valores. Fado, futebol e Fátima. Com azedume, lá se pensava que bem se podia ter escolhido o vira, que era menos chorão, a luta de varapaus, que era mais tradicional, e a Santinha da Ladeira, que ainda era um palpável corpo vivo e que também fazia milagres. Enganados estavam e alguns ainda continuam irredutíveis.
Agora as coisas até andam mais certinhas.
A Amália foi para o Panteão Nacional com a maior das dignidades. Multidões, dignitários, cortejo, Presidente da República... enfim, o que era devido ao fado de que Amália era “aquele” expoente. Da sua casa fizeram museu, perpetuação duma memória que não pode ser apagada. De todo.
Ao José Mourinho vão conferir-lhe a dignidade de Doutor Honoris Causa. Que seja com a solenidade das grandes horas nacionais. Era o mínimo devido. E é de esperar que rapidamente entre na Academia Nacional das Ciências. Se surgir um movimento reclamando a sua integração entre os nossos académicos, eu adiro. E, vendo já o que podem dizer os espíritos malévolos, afirmo que não acolho qualquer reserva de que Mourinho sairá diminuído por trocar o fato de treino pelo traje daquela eminente Academia.
Eu não perco a esperança de que apareça mais um dos segredos de Fátima. Bem poderia um reles e presunçoso De Gaulle dizer, às tantas, qualquer coisa como: temo que a França não seja suficientemente grande para mim. Não, Salazar sabia que tinha o seu bom povo português à sua altura. Era grande e que tal, em boa hora, seja universalmente reconhecido é o que se pode esperar. Quando for desvendado esse segredo,o último dos de Fátima, saber-se-á, então, que os portugueses são, eles e mais nenhum outro, o Povo Eleito de Deus.
Haverá então harmonia nas coisas deste Mundo.
Quem será o maior colecionador português de títulos Honoris Causa?
E que talvez pudesse ir para o livro dos records?
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