11.5.09

As Jotas, a Queima e o poder












«Terminaram as chamadas "Queimas das Fitas" e, salvo raras excepções, o balanço foi o do costume: alarvidade+Quim Barreiros+garraiadas+comas alcoólicos. No antigo regime, os estudantes universitários eram pomposamente designados de "futuros dirigentes da Nação". Hoje, os futuros dirigentes da Nação formam-se nas "jotas" a colar cartazes e a aprender as artes florentinas da intriga e da bajulice aos poderes partidários, enquanto à Universidade cabe formar desempregados ou caixas de supermercado. A situação não é, pois, especialmente grave. Um engenheiro ou um doutor bêbedo a guiar uma carrinha de entregas com música pimba aos berros não causará decerto tantos prejuízos como se lhe calhasse conduzir o país. Acontece é que muitos dos que por aí hoje gozam como cafres besuntando os colegas com fezes, emborcando cerveja até cair para o lado, perseguindo bezerros e repetindo entusiasticamente "Quero cheirar teu bacalhau" andam na Universidade e são "jotas". E a esses, vê-los-emos em breve, engravatados, no Parlamento ou numa secretaria de Estado (Deus nos valha, se calhar até já lá estão!).»

Manuel António Pina, no JN de hoje. Quem diria melhor?

2 comments:

Jorge Conceição disse...

Ninguém diria melhor, na verdade.

No entanto e tendo apenas o Porto como referência, acho que no respeitante aos "futuros dirigentes da Nação" e às "jotas" não existem tantas diferenças assim entre o "antigo regime" e o "hoje". Quero dizer, as "jotas" de antigamente eram apenas uma e chamava-se, no Porto, Centro Universitário do Porto (orgão da Mocidade Portuguesa), dirigido pelo Jaiminho (Jayme Ryos de Souza), Professor que eu tive na Faculdade de Ciências em Cálculo Diferencial e Infinitesimal, cujos estudantes (do Centro), particularmente os voluntários seleccionados para os corpos directivos, ficaram com os respectivos futuros garantidos, geralmente em orgãos de Estado ou Municipais, ascendendo rapidamente a lugares de chefia. Não sei se algum terá chegado à Assembleia Nacional, pois entretanto e inesperadamente surgiu o 25 de Abril. Mas alguns conseguiram rapidamente arrumo através do CDS e do PSD.

Para quem insinuar especulação da minha parte, direi que são pessoas de carne e osso perfeitamente identificáveis e conhecidas, pelo menos, nos meios portuenses.

Isto é, a "massa" é do mesmo tipo. Não houve nenhuma degenerescência.

(Curiosamente tais dirigentes do Centro e amigos associados eram os principais mentores e implementadores das praxes coimbrãs no Porto, Universidade que não tinha tais tradições porque grande parte dos estudantes vivia em casas de familiares, isto é, mais integrada na vida da cidade do que no meio estudantil, como por força acontecia em Coimbra).

Fora este "à parte", estou totalmente com o MAP.

joaot disse...

sim, isso pode até acontecer, mas atentai numa coisa, nao vamos generalizar!! alem do mais, somos jovens, estamos no nosso pleno direito de nos divertirmos (aqui diversão tem o significado que cada um lhe quiser dar, obviamente, deixando de lado a violência e o crime), quanto ao mais, nas alturas de assumir responsabilidades, elas sao assumidas. E digo-lhe mais, muitos do actuais, médicos, enfermeiros, advogados, engenheiros, etc etc, profissionais bons (ou nao, pois ha de tudo em todo o lado), tambem em alturas de queimas e afins apanhavam valente bubadeiras até cair pró lado. Qual é o mal disso? é nocivo pra saude? é! e entao? a vida sao dois dias, e o primeiro é para acordar, ja dizia alguem...