10.5.09

Esquerdas unidas?











Bem tentei não escrever sobre o «Apelo à Convergência da Esquerda nas eleições por Lisboa», mas lá terá de ser. Circula há cerca de um mês uma petição online para recolha de assinaturas num texto em que se apela «a todas as organizações de esquerda – partidos, movimentos, associações – a uma convergência de esforços e de programa que permita a eleição de uma equipa que dê garantias de rigor, transparência, responsabilidade e empenho no desenvolvimento equilibrado da cidade». Leia-se: que impeça que a Câmara Municipal de Lisboa volte a ter «executivos liderados por forças de direita».
Não sei exactamente quantos mails recebi em que era pedida a minha adesão, certamente mais de dez (incluindo um em que se dizia mais ou menos o seguinte: «Se concordar, assine. Se não concordar, envie aos seus amigos»!...). Não concordo, e por isso, não assinei, e claro que não enviei a nenhum amigo...
Porque quero que Santana Lopes ganhe as autárquicas em Lisboa? Claro que não, há umas décadas até teria rezado para que tal não acontecesse! Mas daí a pedirem-me que ensine o padre-nosso ao vigário vai uma grande distância. Não se supõe que os líderes dos partidos e movimentos que estão no terreno tenham feito e continuem a fazer o seu papel, não foi para isso que votámos neles? Será porque mil e uns tantos cidadãos formulam um voto piedoso e vaguíssimo que eles vão mudar de ideias?
Por outro lado e pondo nomes nos factos: está-se a pedir aos eleitores do movimento de Helena Roseta, aos do Bloco e aos da CDU que se juntem ao PS para que António Costa seja reeleito. Com base numa etiqueta «de esquerda»? Esquecendo o país e tudo o resto que os divide? Há ainda quem acredite que uma simples convergência CONTRA qualquer coisa pode funcionar, mesmo que seja contra Santana Lopes?

11 comments:

Palmira F. da Silva disse...

Estou como tu (excepto que eu recebi muitas mais mensagens, de mail e telemóvel...)

Joana Lopes disse...

Ora bem... Ainda estou a receber: julguei que já tinham parado, mas como chegou mais uma... resolvi explicar-me.

Palmira F. da Silva disse...

Eu acho que não tenho de explicar-me: apresentaram-me os argumentos, não concordo, não assino. ponto. a partir daí as mensagens são só ruído de fundo que vão directinhas para o lixo sem abrir :)

Pedro Correia disse...

Muito bem.

Anónimo disse...

concordo com tudo excepto com a conclusao. Lisboa teve os melhores executivos em coligacao e separando o trigo do joio, i.e., autarquicas de legislativas.
este vai ser o segundo erro do BE em Lx, talvez nao estrategico mas no interesse da cidade.

Joana Lopes disse...

Obrigada, Pedro.

Joana Lopes disse...

drmaybe, a ver se te entendo:
Não concordas com a petição, mas gostarias de ver o BE em coligação pré-eleitoral como o PS, é isso?
Mas eu não teria nada contra, mas, por um lado, assumo que ambos devem ter tentado sem conseguir (o que não é de admirar depois da experiência falhada com o Sá Fernandes); por outro, teria de ser um acordo PELA POSITIVA e não CONTRA, sob pena de não funcionar - digo eu...

Jorge Conceição disse...

Com ou sem coligação, se os programas forem tão vazios de ideias e vontade política (para além dos erros demagógicos que todos os grupos então trouxeram ao terreiro das promessas) como o que aconteceu nas eleições intercalares, bem podem contar com o meu rotundo NÃO!

Anónimo disse...

exato mas não percebo a relaçao entre o BE ter escolhido alguém independente para cabeça de lista numas eleições e uma coligação com um partido. os partidos não podem ter traumas... a mim o que me aborrece mais é ver um partido novo fazer o mesmo que os outros. e desmotiva continuar a ver todos os partidos de esquerda em sectarismos e decisões eleitoralistas quando devia haver valores superiores como o interesse dos cidadãos. e também não vejo que enormes diferenças políticas, ideológicas e afins podem impedir que os partidos de esquerda colaborem para gerir uma cidade.

Joana Lopes disse...

Jorge: NÃO o quê? Não votar?
Não vou por aí: estive anos a mais a querer votar sem poder, voto sempre.

Jorge Conceição disse...

Joana: claro que voto! Não sou obrigado é a dar cobertura a jogadas eleitoralistas que nada têm a ver com o benefício dos habitantes desta cidade.

Habitualmente tenho votado bloco de esquerda. Mas nas autárquicas eles têm conseguido quase sempre que eu altere o sentido do meu voto, ao se apresentarem com jogadas oportunistas, como foi o aproveitamento da visibilidade conseguida pelo José Sá Fernandes, mas na verdade sem terem um projecto próprio suficientemente estruturado.

Aliás nas eleições autárquicas intercalares acabei por votar numa figura que eu não gostava (nem gosto) pelos sucessivos discursos incoerentes ao sabor das necessidades partidárias, o António Costa, mas que foi o único de todos os candidatos (e, sei-o bem, também por estratégia partidária assente nos interesses imediatos do governo dirigido pelo seu Partido) que não demonstrou publicamente um despreso total pelos munícipes, pois que deu geito a todos os outros assumirem posições sobre coisas de que ignoram as consequências e que são uma "espada de Democles" sobre a cabeça dos lisboetas: a manutenção do Aeroporto da Portela! (Assunto a que, por obrigação profissional, estava ligado e bastante por dentro).

Nas próximas eleições autárquicas irei votar (se puder, claro). Mas um voto apoiando um partido (de esquerda, obviamente) será se algum apresentar um projecto minimamente credível e estruturado. Para aventureiros arrivistas... já dei!!! Caso não possa dar o meu voto a um determinado partido, nesse caso e com grande pena minha, anulá-lo-ei (pois também, como aos cheques, não os dou em branco...)