Ver um Provedor de Justiça cansadíssimo, se não doente, no pré-anúncio do abandono do exercício do cargo, foi triste e terrivelmente desconfortável. Aprecie-se ou não a função e quem a desempenhou, constatar que trinta e cinco anos de democracia não foram suficientes para que os deputados chegassem a um acordo que, à partida, não pareceria transcendentalmente difícil, causa perplexidade e mal-estar.
Há no entanto um possível benefício colateral desta história – a evidência do erro que é manter estas decisões nos bastidores do PS e do PSD que exibiram, uma vez mais e com uma limpidez cristalina, um nível de intransigência que os revela incapazes de qualquer hipótese de colaboração a nível de governação. A prepotência que ambos mostraram também não abona, de todo, em favor de quem governa sozinho ou de quem pretende vir a fazê-lo. Curiosamente, não vi nenhum louvor, por parte dos comentadores de serviço bem comportados, em relação à posição do Bloco que tentou contribuir para que o impasse fosse ultrapassado, na última votação da AR. Terão provavelmente identificado no acto alguma estranhíssima manobra que não fui capaz de descortinar…
Minudências a não desprezar neste período de pré-reflexão, não apenas de um, mas de três actos eleitorais.
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