Durão Barroso vai continuar à frente da Comissão Europeia, como previsto e mais do que confirmado pelos resultados das eleições dos últimos dias. Nada de novo, portanto, excepto que talvez valha a pena recordar que, em Portugal, tem não só o apoio dos dois partidos de direita, mas também do Presidente da República e do Primeiro-Ministro, Secretário-Geral do PS. Se dúvidas houvesse quanto ao facto de ser o tal «centrão» a deter os nossos poderes, este acto é mais um que contribui para as dissipar. A foto dos Açores foi tirada do álbum, mesmo por aqueles que no passado a condenaram.
Mas é bom não esquecer que tudo tem um preço e que há quem não queira partilhar o regozijo que é proposto - há gestos que se tornam simbólicos e este é um deles. Agitar depois o perigo das esquerdas, a que chamam «não democráticas», e culpá-las de todos os riscos de futuros terríveis que se avizinham é, no mínimo, injusto e irresponsável.
Estamos perante um triste sinal de um patriotismo atávico e provinciano, na véspera de um dia que já foi da Raça - o que, afinal, poderá terá deixado marcas bem mais profundas do que estamos dispostos a reconhecer.
2 comments:
Olá Joana,
estou completamente de acordo contigo (mais uma vez...). Uma das marcas dos nossos actuais estadistas (!?) é de facto o seu provincianismo. Desde a primeira figura do Estado, passando pelo chefe do governo e acabando na lider da oposição, são pessoas com pouco "mundo".
Outro tema em que tocas no teu post e que me irrita solenemente, é o de que o crescimento eleitoral do Bloco e do PC poderá tornar o país ingovernável. Se estas afirmações só viessem de pessoas como Alberto João Jardim ainda vá porque já estamos habituados. Mas virem de pessoas como Vital Moreira que logo na noite da derrota teve de lançar o papão da esquerda radical, é de mais. Penso mesmo que estas pessoas têm algum défice democrático e que nunca terão feito uma análise honesta de todos os males que o "centrão" tem provocado a este país. Com estes resultados, as próximas eleições vão ser dramatizadas ao máximo pelos partidos do centro e o apelo ao voto útil (o que vem afinal a ser isso ?) vai ser levado ao extremo. Vamos estar por aqui para ver, mas também para intervir, porque quanto maior for a "política do sofá" mais margem de manobra "lhes" deixamos.... e não o podemos fazer !
Olá Zé, é um prazer constatar que continuas a passar por aqui!
100% de acordo com tudo o que dizes e,infelizmente, há poucas intervenções neste sentido, na blogosfera. Mas há tempo: as questões vão agudizar-se e cá estaremos...
(Ainda continuas a trabalhar na Madrinha?)
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