17.7.09

Balas a mais












Vi, há pouco menos de um ano, no DocLisboa, «Anna, Seven Years on the Frontline», um impressionante filme sobre Anna Politkovskaya, a jornalista russa cujo assassinato, em Outubro de 2006, foi largamente noticiado. Ligados à mesma causa, foram também eliminados em Moscovo, em Janeiro deste ano, o advogado Stanislas Markelov e uma jornalista que o acompanhava.

Entretanto, soube-se ontem da morte de Natalia Estemírova, uma outra activista da mesma causa - mas a notícia foi, desta vez, recebida quase como se de rotina se tratasse. E não pode ser.

Natalia foi abordada por vários assaltantes na passada 4ª feira em, Grozny, empurrada para dentro de um carro e encontrada morta, algumas horas mais tarde, numa floresta. Imediatamente antes de morrer, estudava o caso de um jovem tchetcheno, forçado a regressar do Egipto e entretanto desaparecido, bem como execuções públicas efectuadas em várias aldeias.

O seu crime, como o dos seus companheiros, foi o de exercer a profissão de jornalista com coragem e desassombro. Tal como Anna Politkovskaya que aqui recordo com um pequeno vídeo extraído do documentário acima referido: «Anna, Seven Years on the Frontline».




P.S. – Agradeço a Jorge Conceição o envio de uma série de artigos publicados ontem sobre o assunto, um pouco por toda a parte. Fica a referência de um:
«La mort d'Estemirova est une exécution pure et simple»

1 comments:

Jorge Conceição disse...

Lendo o "post" parece que estou a ler a continuação do livro «Um Homem Muito Procurado» de John Le Carré! Como o livro foi publicado em 2008, ou o Le Carré tem instintos divinatórios, ou estes factos são recorrentes. E vendo o vídeo e tomando conhecimento desta sequência de assassinatos selectivos, então fica-se com a certeza de que algo muito de muito grave e de anti-social está a ocorrer nos nossos dias, passando-nos totalmente ao lado, por culpa primeira dos orgãos de comunicação social que deveriam estar ao nosso (do Homem)serviço e que deveriam ter um papel de constante alerta da nossa sociedade humana contra estas prepotências que vão ocorrendo nos países ditos civilizados com o quase beneplácito das nações ocidentais. Digo quase, pois que aparecem nos fora europeus uns tímidos protestos e minutos de silêncio. E mais nada!

Silêncio cúmplice! E histeria quando o bobo da Madeira diz umas boutades...