«Afinal, o que fará correr tanto tantos políticos? Lá andam eles e elas a palmilhar o país de cima abaixo, de lés a lés. Dormirão bem e o suficiente? Têm de ouvir o que ninguém gosta. Beijam quem lhes não agrada, enrugadas e mal cheirosas. Apertam mãos sujas. Nas famosas arruadas - que palavra que tão mal soa! -, esbanjam sorrisos, têm de sorrir, sorrir sempre, mesmo sem vontade. Têm de fazer promessas que sabem não poder cumprir. Em vez de esclarecerem os cidadãos, tentam tantas vezes enfeitiçá-los com discursos de sofistas. Claro que a política também é jogo, mas há tanta intriga e inveja e cilada que o espectáculo é, por vezes, pícaro e deplorável...
O poder traz prestígio, mesmo que suposto. E benesses de todo o género. E sedução e luxos e exposição e fama. E precedências e continências nas paradas e guardas de honra. E dinheiro e convívio com os grandes deste mundo. E a ilusão de que se deixa uma marca na História. E a imposição da própria vontade. E a aparência da imortalidade pelos feitos. O poder - quem o repetiu foi um político nosso, famoso - é o maior afrodisíaco.»
Quem o diz é o padre Anselmo Borges, no DN de hoje.
2 comments:
parece a constataçao do òbvio, mas parece-me a mim uma observaçao um pouco perigosa, visto cair na generalizaçao de que sao todos iguais. todos fazem isto, todos fazem aquilo, todos sao tentados pelo poder.
Acredito, sinceramente, que em todos os partidos - mais na esquerda, pq é nela q me revejo e nao é por acaso - existem pessoas que realmente prometem aquilo que podem cumprir, beijam pessoas pq querem beijá-las, lutam porque acreditam num mundo melhor e que sorriem com sinceridade...
É óbvio que todas as generalizações são perigosas - totalmenet de acordo.
É a segunda parte do texto - sobre o poder - que me parece a mais interessante.
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