20.10.09

O mundo é o mesmo, as vidas são outras













Há cinco anos, andei três dias num mini-cruzeiro no rio Yangtze, o tal onde existe hoje a monumental Barragem das Três Gargantas, então ainda em construção. Mais de um milhão de pessoas tinha sido ou estava a ser deslocado, já que a subida das águas fez desaparecer do mapa muitas aldeias.

Hoje leio que a construção de um canal que ligará o Norte ao Sul obrigará a deslocar mais 300.000 chineses.

Eu sei que se trata de um país tão populoso que, em percentagens, tudo é relativo. Mas é como os argumentos sobre as estatísticas relativas à pena de morte: um morto é sempre uma pessoa – e um deslocado é outra.

E passo a contar uma pequena história. No tal passeio pelo Yangtze, parámos junto a este pequeno pagode e, através do guia, falei com uma rapariguita que vendia bugigangas a turistas. Explicou que estava sozinha porque a família já deixara aquele local que, pouco tempo depois, ficaria inundado. Estavam agora longe? Nem por isso: a dois dias de viagem, de comboio.

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