No rescaldo de semanas e semanas vividas na agitação dos nossos recentes actos eleitorais, haverá certamente quem se recorde ainda de umas legislativas que se realizaram no dia 26 de Outubro de 1969 – há 40 anos, portanto.
Um ano depois de Salazar passar a estafeta a Marcelo Caetano, muitos acreditaram que a tal primavera anunciada iria permitir que tudo se passasse mais normalmente do que no passado, ou seja, com um mínimo de liberdade e de decência. Não foi o caso, como é sabido.
Nos próximos dias, deixarei aqui alguns apontamentos, fotos, links para os Caminhos da Memória. Por hoje, apenas o anúncio de um colóquio que será organizado pelo Instituto de História Contemporânea - As Eleições de 1969 e as Oposições, 40 Anos depois -, no qual colaborarei com grande prazer. Terá lugar no Sábado, dia 31 de Outubro, e o programa detalhado pode ser lido aqui.
4 comments:
não é da memória que o botas tivesse paasado a "estafeta a Marcelo".
O homem não passou procuração a ninguem durante os 5 anos e picos que "governou":1968-74.
Penso que a memória não me atraiçoa.
Joana, permita-me que eu conteste a observação "de triste memória" feita em ralação às eleições de 1969. Em minha opinião e pela experiência então vivida eu não posso mesmo estar de acordo com uma menção desse tipo. Acho mesmo que foi uma das oportunidades bem aproveitadas para juntar diferentes grupos de activistas, pelo menos na Freguesia que então habitava (a de Santa Maria dos Olivais) e de possibilitar um desenvolvimento mais dinâmico de quem actuava na oposição, suponho mesmo que permitindo e favorecendo o futuro 25 de Abril de 1974. Portanto de modo algum guardo uma memória triste dessas eleições. Bem antes pelo contrário! Claro que seria triste se fossem os resultados eleitorais que nos esperançavam. Mas o que nos animou então e muito foi a oportunidade de desenvolver uma ampla e profunda actividade política organizada, que continuou bem para além da data das eleições. E isso de maneira alguma restringida à nossa freguesia. Lembro-me bem dos contactos que prosseguiram com, por exemplo, os grupos do Lumiar e da Ameixoeira e como muitos dos seus participantes foram depois militantes activos nos grupos de esquerda pós-vinte e cinco d'abril.
A «estafeta» foi pura figura de estilo, caro Septuagenário...
Jorge, tem toda a razão. O que foi de «má memória» foi o acto em si, não a preparação. Vou tirar a frase do meu texto.
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