.. porque embirro mesmo e há muitos anos.
Vai por aí um alvoroço com o lançamento de Caim, o seu último livro. Desta vez (!...), quem disse o que é absolutamente evidente e indispensável foi o porta-voz da Conferência Episcopal: «um escritor da craveira de José Saramago deveria ir por um caminho mais sério» e o livro é pura «operação de publicidade». Marketing, demagogia e mais nada.
Basta ver este vídeo:
Mais dislates por exemplo aqui.
6 comments:
Joana,
esse porta voz da Conferência Episcopal é juiz em causa própria. Não poderia nunca pronunciar-se de forma diferente.
O Saramago resolveu ser uma espécie de Salman Rushdie à portuguesa. O que lhe vale é que niguém vai proferir uma Fatwa ordenando a sua rápida execução pelo seu pecado.
O máximo que ele consegue obter é alguma publicidade no twitter.
Deixem o homem escrever!
Toda a gente deixa o homem escrever, Virgílio, e não tem tão pouco eco como isso (olha o Brasil....)
Mas os termos em que ele se refere às «histórias» da Bíblia como se não soubesse, como toda a gente, que são alegóricas é de uma estupidez ou má fé ridículas.
Só falta dizer que a maçã da Eva era reineta...
Será que Saramago espera que se interpretem os seus livros numa base não-ficcional, tal como ele faz com a Bíblia? É que, tirando os fanáticos, nem os cristãos a entendem num plano que não seja o da alegoria, que é, também, um dos recursos da ficção literária, nomeadamente em Saramago.
Ora cá está uma excelente pergunta, Rui. Ele julga é que nós somos pravos...
Com o evangelho deu dirito ao nobel, alguma coisa está por traz do caim.
"os termos em que ele se refere às «histórias» da Bíblia como se não soubesse, como toda a gente, que são alegóricas"
Joana, eu diria que este seu argumento e' anacronico. Estas certa de que quando a Biblia foi escrita, foi apresentada e recebida como um texto alegorico? Estas certa de que a leitura alegorica da Biblia e' consensual por esse mundo fora hoje em dia?
Mesmo do ponto de vista alegorico, por que razao nao colocar o problema da relacao contraditoria entre o imperativo divino absoluto e o imperativo da irmandade com os outros homens? Tal como na Antigona, substituindo o Estado ou a Cidade pelo imperativo divino, ou seja Deus. Deus como representante de uma moral absoluta, uma escala absoluta e fundacional dos valores e da moral. Em oposicao a uma etica humana, de empatia, imanente 'a la Spinoza?
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