9.11.09

A César

 
















Parece-me tão legítimo que os bispos se pronunciem sobre o casamento civil de pessoas do mesmo sexo como sobre a localização do novo aeroporto ou o possível adiamento do TGV, porque qualquer grupo de cidadãos poder opinar sobre o que bem entender – neste caso, os senhores José, Manuel ou Xpto (sem Dom) podem chamar alguns jornalistas para fazerem constar que já aceitaram como um facto consumado a decisão de o Governo legislar em determinada direcção e que não vêem essa iniciativa «como uma provocação» (!...)

Já quando emitem uma «Nota Pastoral» (como o fizeram em Fevereiro deste ano e se preparam muito provavelmente para repetir agora em Fátima), o próprio nome indica que estão a dirigir-se às suas «ovelhas». Ora, para estas, as autoridades eclesiásticas não admitem, não aceitam, nem reconhecem o casamento civil – nem homo, nem hétero. O que disseram e o que vierem a dizer, como bispos, poderá quando muito afectar ou não os homossexuais católicos.

Mas o centro da questão é outro. Apesar de todas as declarações de comiseração para com o ser humano, a conferência episcopal portuguesa continua a considerar a homossexualidade como um desvio: «Se, por vezes, ela constitui apenas uma etapa transitória no desenvolvimento da criança ou adolescente, o seu prolongamento pela idade jovem e adulta denota a existência de problemas de identidade pessoal.» Tudo o resto é subterfúgio.

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